Estragos provocados por terremoto que atingiu Turquia e SíriaAFP
Publicado 08/02/2023 08:29
As equipes de emergência na Turquia e na Síria enfrentam nesta quarta-feira, 8, horas cruciais para encontrar sobreviventes entre os escombros do potente terremoto de segunda-feira, cujo balanço supera 9,5 mil mortes nos dois países.
Em um cenário de frio e devastação, os socorristas, auxiliados pelas primeiras equipes de emergência procedentes de outros países, lutam contra o tempo para encontrar pessoas com vida após o terremoto de 7,8 graus de magnitude registrado na madrugada de segunda-feira, 6, com epicentro no sudeste da Turquia.
A imagem esperançosa de uma recém-nascida resgatada dos escombros na Síria contrasta com a desolação de um pai na Turquia, que segura a mão da filha falecida que permanecia com o corpo preso entre dois blocos de concreto.
O ministério do Interior da Turquia alertou na terça-feira, 7, que as próximas 48 horas seriam "cruciais" para encontrar sobreviventes. Ancara decretou luto nacional de sete dias para as vítimas do terremoto.
A Turquia registrou 6.957 mortes, de acordo com o balanço atualizado da Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências (AFAD).
Na Síria foram contabilizados 2.547 óbitos: 1.250 em áreas controladas pelo governo, segundo o ministro da Saúde, Hassan Ghabbash, e 1.297 nas zonas dominadas pelos rebeldes, segundo os Capacetes Brancos (grupo de voluntários de proteção civil).
"O balanço deve aumentar consideravelmente na Síria porque centenas de pessoas continuam presas sob os escombros", afirmaram os Capacetes Brancos.
Este foi o terremoto com mais vítimas na Turquia desde 1999, quando um abalo sísmico matou 17 mil pessoas, incluindo mil em Istambul.
Na localidade síria de Jindires, as equipes de emergência resgataram uma recém-nascida dos escombros de um prédio. A criança ainda estava unida pelo cordão umbilical a sua mãe, que morreu como os demais integrantes da família.
"Ouvimos um barulho e cavamos (...) limpamos o local e encontramos esta bebê, graças a Deus", disse Khalil Sawadi, amigo da família.
O resgate chegou tarde para Irmak, uma adolescente de 15 anos. Em silêncio, seu pai Mesur Hancer segura a mão inerte da jovem presa nas ruínas de um edifício em Kahramanmaras (sudeste da Turquia).
Localizada no epicentro do terremoto, a ajuda ainda não chegou à cidade de mais de um milhão de habitantes e de difícil acesso.
"Onde está o Estado? Onde está? (...) Já passaram dois dias e não vimos ninguém", afirma, desesperado, Ali, que tem esperanças de encontrar com vida o irmão e o sobrinho presos entre os escombros de seu apartamento.
O terremoto devastador foi seguido por vários tremores secundários, alguns potentes, que provocaram pânico entre milhares de moradores, que temem retornar para suas casas.
Na cidade turca de Gaziantep, muitas pessoas procuraram refúgio no aeroporto. "No momento, nossas vidas estão marcadas pela incerteza", declarou Zahide Sutcu, que abandonou sua casa com os dois filhos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 23 milhões de pessoas foram "expostas" às consequências do terremoto, "incluindo cinco milhões de pessoas vulneráveis".
Ainda na terça começaram a chegar as primeiras equipes de emergência estrangeiras. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que decretou estado de emergência por três meses em 10 províncias afetadas, afirmou que 45 países ofereceram ajuda.
A União Europeia mobilizou 1.185 socorristas e 79 cães farejadores para enviar à Turquia e trabalhar com associações humanitárias na Síria para financiar operações de assistência.
O governo dos Estados Unidos prevê a chegada de duas equipes de emergência nesta quarta à Turquia e também trabalha com ONGs locais na Síria para socorrer as vítimas.
O secretário de Estado, Antony Blinken, insistiu que "os recursos serão destinados a todo o povo sírio, não para o regime" de Damasco liderado por Bashar al Assad, cujos apelos por ajuda receberam resposta apenas da aliada Rússia até o momento.
O diretor de operações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Stephen Allen, afirmou em Ancara que todo o "apoio humanitário está direcionado agora para o noroeste da Síria".
O terremoto destruiu a passagem de fronteira de Bab al Hawa, por onde transita quase toda a ajuda humanitária da Turquia para as zonas rebeldes da Síria, segundo a ONU.
A tragédia desencadeou uma onda de solidariedade que vai da China à Ucrânia, passando pelos Emirados Árabes Unidos, que prometeu uma ajuda de 100 milhões de dólares.
Até a Arábia Saudita, que não tem relações diplomáticas com a Síria desde 2012, anunciou a criação de uma ponte aérea para ajudar as populações afetadas dos dois países.
 
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