Publicado 13/02/2023 09:39
As equipes de emergência conseguiram resgatar mais sobreviventes dos escombros uma semana após o terremoto que deixou mais de 35 mil mortos na Turquia e na Síria.
O terremoto de 7,8 graus de magnitude provocou 31.643 mortes no sul da Turquia, informou a Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências (AFAD). As autoridades sírias registraram 3.581 óbitos na Síria.
Uma criança e uma mulher, de 62 anos, foram os mais recentes casos de resgates milagrosos, depois de quase sete dias presos entre os escombros de imóveis que desabaram no terremoto devastador de 6 de fevereiro.
Mustafa, de sete anos, foi resgatado na província turca de Hatay, enquanto Nafize Yilmaz foi encontrada com vida em Nurdagi, também em Hatay, informou nesta segunda a agência estatal de notícias Anadolu. Ambos passaram 163 horas presos nos escombros antes dos resgates no domingo à noite.
Ainda em Hatay, uma menina síria, de 12 anos, identificiada como Cudi, foi encontrada com vida nos escombros.
Mais de 32 mil pessoas de organizações locais trabalham nos esforços de busca e resgate, ao lado de 8.294 voluntários do exterior, informou a Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências (AFAD).
Um integrante de uma equipe britânica de resgate publicou no domingo no Twitter um vídeo que mostra um voluntário descendo por um túnel aberto nos escombros em Hatay, onde encontrou um turco que permaneceu preso por cinco dias entre a destruição.
As equipes trabalham contra o tempo, pois os especialistas advertem que a possibilidade de encontrar pessoas com vida diminui a cada dia.
Na cidade turca destruída de Kahramanmaras, próxima ao epicentro do terremoto, os voluntários cavaram entre montanhas de escombros e encontraram um corpo.
Mas as equipes de resgate reclamam da falta de sensores e equipamentos de busca avançados, o que significa que precisam cavar de maneira cuidadosamente entre os escombros com pás ou com as mãos.
"Se tivéssemos este tipo de equipamento, nós teríamos salvado centenas de vidas, ou mais", disse Alaa Moubarak, chefe da Defesa Civil em Jableh, no noroeste da Síria. A ONU denunciou que não foi enviada toda a ajuda que a Síria necessita de maneira desesperada.
Um comboio com suprimentos para o noroeste da Síria chegou via Turquia, mas o diretor de emergências da ONU, Martin Griffiths, destacou que muito mais é necessário para milhões de pessoas que tiveram suas casas destruídas.
"Até agora falhamos com as pessoas do noroeste da Síria. Elas se sentem abandonadas. Buscam a ajuda internacional que não chega", afirmou Griffiths no Twitter.
Ao avaliar os danos no sábado no sul da Turquia, quando o balanço era de 28 mil mortos, Griffiths disse que o número poderia "dobrar ou ainda mais", porque a possibilidade de encontrar sobreviventes é cada vez menor.
A ajuda demorou a chegar à Síria, um país que enfrenta anos de guerra civil, um conflito que destruiu seu sistema de saúde. Algumas partes do país permanecem sob controle de rebeldes que lutam contra o governo do presidente Bashar al Assad.
Um comboio de 10 caminhões da ONU entrou no noroeste da Síria pela passagem de fronteira de Bab al Hawa, segundo um correspondente da AFP.
Bab al Hawa é o único ponto através do qual a ajuda internacional pode entrar em áreas da Síria sob controle rebelde após quase 12 anos de guerra civil. Outros pontos foram fechados por pressão da China e da Rússia.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se reuniu no domingo com Assad em Damasco e disse que o presidente sírio afirmou estar disposto a abrir mais passagens de fronteira para permitir a entrada de ajuda nas zonas sob controle dos rebeldes.
"As crises combinadas de conflito, covid, cólera, declínio econômico e, agora, o terremoto, têm um custo insuportável", afirmou Tedros depois de visitar a cidade síria de Aleppo.
Damasco aprovou a entrada dos comboios de ajuda a partir de áreas sob controle do governo, mas Tedros disse que a OMS aguarda a autorização das áreas controladas por rebeldes para entrar em algumas regiões.
Assad espera mais "cooperação eficiente" com a agência da ONU para solucionar a falta de suprimentos, equipamentos e remédios, indicou a presidência síria.
Mas as preocupações de segurança na Turquia provocaram a suspensão de algumas operações de resgate. Muitas pessoas foram detidas por saques e por tentativas de fraudar as vítimas do terremoto, segundo a imprensa estatal.
Uma organização israelense de emergências anunciou no domingo que suspendeu as tarefas de resgate na Turquia por uma "significativa" ameaça para a segurança de sua equipe.
Na Turquia aumenta a irritação com a qualidade ruim dos edifícios e com a resposta governamental ao maior desastre em quase um século no país.
Um total de 12.141 edifícios desabaram ou ficaram gravemente danificados no país. Dez pessoas foram detidas como parte das investigações, incluindo duas que tentaram fugir para a Geórgia.
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