Publicado 14/02/2023 10:05
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira, 14, que o terramoto de magnitude 7,8 na Turquia e na Síria foi a "pior catástrofe natural" em 100 anos na região europeia, com um saldo de mais de 35 mil mortos e milhares de desabrigados.
"Estamos testemunhando o pior desastre natural na região da Europa da OMS em um século e ainda estamos medindo sua escala", disse Hans Kluge, diretor da organização para a região (que abrange 53 países, incluindo Turquia e países da Ásia Central), em entrevista coletiva. "Seu verdadeiro custo ainda não é conhecido e levará muito tempo e esforço para se recuperar e curar", acrescentou.
O saldo desta terça- (31.974 mortos na Turquia e 3.688 na Síria, segundo fontes locais) "provavelmente aumentará ainda mais", segundo o responsável da ONU.
O funcionário da ONU lembrou que cerca de 26 milhões de pessoas "precisam de assistência humanitária" na Turquia e na Síria.
O destacamento médico de emergência, composto por três aviões e material para atender 400 mil pessoas, é a maior operação realizada pela divisão europeia da OMS em seus 75 anos de existência. Enquanto a Turquia está na área da divisão europeia da OMS, a Síria está na seção do Mediterrâneo oriental.
Crianças afetadas pelo terremoto
Mais de sete milhões de crianças foram afetadas pelo terremoto devastador que atingiu a Turquia e a Síria em 6 de fevereiro, e que deixou mais de 35 mil mortos, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira, 14, expressando temores de que "milhares" tenham falecido.
"Na Turquia, o número total de crianças que vivem nas dez províncias atingidas pelo terremoto é de 4,6 milhões. Na Síria, há 2,5 milhões de crianças afetadas", disse James Elder, porta-voz do Unicef, em uma entrevista coletiva em Genebra.
"O Unicef teme que milhares de crianças tenham falecido", afirmou Elder, antes de alertar que "mesmo sem números verificados, está claro que os números continuarão aumentando". De acordo com o Unicef, dezenas de milhares de famílias que vivem ao relento desde o terremoto estão expostas ao frio.
"Todos os dias somos informados sobre um número cada vez maior de crianças que sofrem hipotermia e infecções respiratórias", disse Elder, antes de recordar que as famílias dormem com seus filhos nas ruas, em shoppings, escolas, mesquitas, rodoviárias e debaixo de pontes.
Na Turquia, o Unicef, em coordenação com o ministério da Família, enviou assistentes sociais aos hospitais para ajudar a identificar as crianças separadas de suas famílias. De modo paralelo aos esforços, o Unicef trabalha para fornecer apoio psicossocial às crianças afetadas.
Na vizinha Síria, afirmou Elder, "todas as crianças com menos de 12 anos de idade só viveram o conflito, a violência ou o deslocamento. Algumas crianças foram deslocadas seis ou sete vezes", disse.
Desabrigados
Centenas de milhares de desabrigados continuam passando fome e frio na Turquia e Síria, onde as autoridades tentam enfrentar o grave desastre humanitário provocado pelo terremoto. De acordo com o governo turco, quase 1,2 milhão de desabrigados estão alojados em campi universitários, mais de 200 mil barracas foram instaladas e 400 mil vítimas foram retiradas de áreas devastadas.
Mais de uma semana depois do terremoto de 7,8 graus de magnitude, as esperanças de encontrar sobreviventes nos escombros são mínimas e a atenção se concentra agora em fornecer alimentos e refúgio aos desabrigados. A catástrofe de 6 de fevereiro também tem consequências psicológicas entre a população.
Serkan Tatoglu conseguiu salvar os quatro filhos do violento terremoto que destruiu sua casa no sudeste da Turquia. A família está em segurança no momento, mas a filha de seis anos não para de perguntar: "Papai, nós vamos morrer?", conta à AFP o homem, de 41 anos.
Apenas na Turquia, pelo menos 574 crianças resgatadas dos escombros ficaram sem família, segundo o vice-presidente do país, Fuat Oktay. Apenas 76 foram reunidas com suas famílias novamente.
Uma psicóloga voluntária que trabalha em um centro de ajuda na província de Hatay (sul) disse que vários pais procuravam desesperadamente os filhos desaparecidos.
"Recebemos milhares de ligações sobre crianças desaparecidas", disse Hatice Goz. "Mas se a criança ainda não fala, a família não consegue encontrá-la".
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