Homem anda com filho sobre escombros de prédio na Síria AFP
Publicado 15/02/2023 08:26
A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um novo apelo nesta quarta-feira, 15, por doações para ajudar a enfrentar as "imensas necessidades" de milhões de pessoas sem moradia ou alimentos após o terremoto que deixou quase 40 mil mortos na Turquia e na Síria.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos Estados membros da organização que contribuam "sem demora" com 397 milhões de dólares para assegurar "a ajuda humanitária da qual precisam desesperadamente quase cinco milhões de sírios", começando por "abrigo, atendimento médico e alimentos".
Guterres disse que em breve será apresentado um pedido similar para ajudar a Turquia. "As necessidades são imensas e sabemos que a ajuda para salvar vidas não está chegando na velocidade e escala necessárias", insistiu.
"Uma semana depois dos terremotos devastadores, milhões de pessoas na região lutam para sobreviver, sem moradia e em temperaturas glaciais", acrescentou.
Na terça-feira, 14, à noite, o balanço da tragédia era de 39.106 mortos: 35.418 na Turquia e 3.688 na Síria. A ONU já afirmou que os números devem aumentar de maneira expressiva.
"Estamos assistindo a pior catástrofe natural na região europeia da OMS em um século e ainda estamos medindo a dimensão", afirmou uma fonte da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na terça, as equipes de resgate encontraram quatro pessoas com vida nos escombros na Turquia. Um casal sírio de Antakya, uma das cidades mais afetadas pelo terremoto, exclamou "Alahu akbar" (Alá é maior) depois do resgate. Eles passaram quase 210h nos escombros após o terremoto de 7,8 graus de 6 de fevereiro.
Dois irmãos foram resgatados depois de 198h sob os escombros. Com 17 e 21 anos, os jovens afirmaram que sobreviveram consumindo proteína em pó.
"Estava tranquilo, sabia que seria salvo. Eu rezei. Conseguia respirar sob as ruínas", comentou um deles ao canal NTV.
Porém, apesar dos pequenos milagres, as possibilidades de encontrar sobreviventes nos edifícios que desabaram são quase nulas.
"As equipes que vieram até aqui deixaram claro que procuram sobreviventes. Trabalharam durante dois dias e não encontraram nenhum", lamentou Cengiz, um soldado, de 50 anos, de Antakya com cinco parentes presos entre os escombros.
"Entendemos que a atenção está voltada para os sobreviventes, mas temos o direito de reclamar os corpos de nossos familiares", declarou, com resignação, Hussein, que esperava localizar a esposa de seu irmão e seus quatro filhos.
Nas atuais circunstâncias, a prioridade agora é a assistência para centenas de milhares — que podem chegar a milhões — de pessoas cujas casas foram destruídas pelos terremotos.
"Atendemos às necessidades de alojamento de 1,6 milhão de pessoas. Quase 2,2 milhões de pessoas foram retiradas ou abandonaram as províncias (atingidas)", afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, na terça, após uma reunião do governo.
No lado sírio, pela primeira vez desde 2020 um comboio de ajuda entrou na terça-feira nas zonas rebeldes do norte do país depois de atravessar a passagem de fronteira de Bab al-Salama, no limite com a Turquia.
O comboio era integrado por 11 caminhões da Organização Internacional para as Migrações (OIM), carregados com barracas, colchões, cobertores, tapetes e outros produtos.
O posto de fronteira de Bab al-Salama liga o território turco ao norte da província de Aleppo, controlada por facções sírias leais a Ancara. O local havia sido fechado à ajuda humanitária da ONU por pressão da Rússia, aliada do regime de Damasco.
As zonas fora de controle do governo sírio no norte de Aleppo e na província de Idleb (noroeste), onde moram quase três milhões de pessoas, estão entre as mais devastadas pelo terremoto na Síria.
A Síria anunciou a abertura de duas novas passagens de fronteira com a Turquia por um período inicial de três meses para acelerar a chegada de ajuda humanitária.
 
 
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