Fontes diplomáticas indicam que a Ucrânia precisa de cerca de 350 mil projéteis por mês para conseguir conter o avanço russoRONALDO SCHEMIDT/AFP
Publicado 20/03/2023 11:17
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Ministros das Relações Exteriores de países da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas nesta segunda-feira, 20, chegaram a um acordo para desbloquear 2 bilhões de euros (R$ 11 bilhões) para fornecer o enorme volume de munição solicitado pela Ucrânia e aumentar a produção no bloco, disseram diplomatas.

Fontes de cinco países da UE disseram à AFP que as intensas negociações realizadas até a noite de domingo, 19, finalmente permitiram chegar a um acordo político sobre o plano.

Os ministros aprovaram um plano de três etapas para entregar um milhão de munições de 155 mm à Ucrânia, restaurar estoques estratégicos nacionais e expandir a capacidade de produção da indústria de defesa do bloco, de acordo com diplomatas de cinco países.

O governo ucraniano já havia alertado repetidamente que suas tropas devem racionar seu poder de fogo, em um momento marcado pelo desgaste da guerra.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, que participou da reunião por videoconferência, comemorou o acordo. Para ele, a decisão "irá fortalecer as capacidades da Ucrânia no campo de batalha".

O plano firmado pelos ministros em Bruxelas tem como primeira fase fornecer 1 bilhão de euros (em torno de R$ 5,6 bilhões) em fundos compartilhados para que os países do bloco encontrem projéteis em suas reservas que possam ser rapidamente enviados à Ucrânia.

Na etapa posterior, um pacote de mais 1 bilhão de euros será utilizado para fazer compras conjuntas de projéteis de 155 mm.

Já a terceira etapa visa ampliar a capacidade de produção das empresas europeias de defesa, a fim de abastecer a Ucrânia e repor as reservas nacionais.

O acordo será formalmente apresentado aos líderes da UE, que se reunirão em Bruxelas na quinta-feira, 23, e sexta-feira, 24.
Ampliar a produção 
Ao chegar ao encontro, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, ressaltou a necessidade urgente de se chegar a um acordo.

"Caso contrário, teremos dificuldades para continuar fornecendo armas à Ucrânia", disse o diplomata espanhol.

A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, por sua vez, analisou que a ajuda à Ucrânia precisa ser "mais rápida e imediata".

Fontes diplomáticas indicam que a Ucrânia precisa de cerca de 350 mil projéteis por mês para conseguir conter o avanço russo e planejar contraofensivas ainda este ano. No entanto, os países da UE estão com arsenais muito baixos, o que fez soar um alerta no bloco.

Diante da situação, a UE espera que o pedido de munições incentive as empresas do bloco a aumentarem sua produção e investimento no setor.

A indústria europeia, por sua vez, alega que os governos ainda não assinaram os contratos de longo prazo necessários para investir em mais linhas de produção.

Os países da UE já haviam anunciado um amplo apoio militar de 12 bilhões de euros (aproximadamente R$ 67 bilhões) à Ucrânia, incluindo 3,6 bilhões de euros já utilizados do Fundo Europeu de Apoio à Paz (FEAP).

A intenção dos diplomatas é conseguir fazer os primeiros envios das munições para a Ucrânia em maio e assinar os contratos conjuntos no início de setembro.
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