Desde 19 de janeiro, os sindicatos organizaram 10 jornadas de grandes protestos contra o projeto impopularAFP
Publicado 28/03/2023 11:21
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Centenas de milhares de pessoas se manifestam nesta terça-feira, 28, na França em novos protestos contra a reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, que busca uma saída para o conflito social cada vez mais violento, mas sem revogar sua lei impopular.

"A mobilização continua sendo muito importante" com "muitos jovens" nas marchas, disse o líder do sindicato CGT, Philippe Martinez, de Clermont-Ferrand (centro), para quem esta é "uma prova de que o movimento não para".

Desde 19 de janeiro, os sindicatos organizaram 10 jornadas de grandes protestos contra o projeto impopular, que se intensificaram em meados de março, quando Macron adotou a reforma por decreto para evitar uma derrota no Parlamento.

As últimas manifestações foram marcadas por distúrbios e confrontos entre manifestantes radicais e forças de segurança nas grandes cidades. Na quinta, havia 457 detidos e 441 policiais e gendarmes feridos, segundo as autoridades.

Nesse contexto de crescente tensão, o governo e os sindicatos buscam formas de acalmar as coisas, mas permanecem firmes em suas posições: os sindicatos querem a retirada ou suspensão da reforma, e Macron diz que não.

O porta-voz do governo, Olivier Véran, rejeitou nesta terça-feira a última proposta de Laurent Berger, líder do principal sindicato, CDFT, de buscar uma "mediação" para encontrar uma saída, e afirmou que eles podem "se falar diretamente".

No entanto, em um gesto incomum durante esta crise, deputados centristas do MoDem, membro da aliança do governo de Macron, apoiaram a proposta de Berger de "tentar encontrar o diálogo" com alguma perspectiva.

O presidente liberal está sob pressão. A maioria dos franceses o considera responsável pela situação atual por não querer ouvir as críticas sobre uma reforma que o governo considera crucial para evitar um déficit no fundo das aposentadorias.

Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, se opõem a esta reforma que aumenta a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuir por 43 anos (e não 42 como agora) para receber uma aposentadoria completa.

Torre Eiffel em greve 
À espera do parecer do Conselho Constitucional sobre a sua validade, previsivelmente em abril, o governo busca virar a página rapidamente com outras prioridades, como a saúde, a educação, e garantir uma maioria estável no Parlamento.

Enquanto isso, os sindicatos não jogam a toalha e os jovens são cada vez mais numerosos nos protestos. As autoridades esperam que a sua presença "dobre ou triplique" nesta terça-feira, em relação aos dias anteriores.

"Queremos mostrar nosso descontentamento e dizer que, mesmo sendo adolescentes (...) temos o direito de dizer que somos contra", disse na segunda-feira Selma, enquanto bloqueava sua escola em Montreuil, ao leste de Paris.

Os protestos também assumiram várias formas durante semanas, como as milhares de toneladas de lixo acumuladas nas ruas de Paris e os bloqueios de depósitos e refinarias que deixaram 15% dos postos de gasolina sem combustível.

Nesta terça-feira, os trens quase não circulavam. Em Paris, o transporte público registrou "distúrbios", segundo a sua operadora RATP, e a Torre Eiffel permaneceu fechada ao público.

As autoridades esperam "de 650 mil a 900 mil manifestantes" no total na França, onde mobilizaram um "dispositivo de segurança sem precedentes" de 13 mil agentes, o maior organizado até o momento.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, alertou para a presença em Paris de "mais de 10 mil radicais, alguns procedentes do exterior", enquanto o governo tenta criminalizar os protestos, que continuam tendo grande apoio popular.

No entanto, a gestão policial dos protestos contra as reformas, assim como a manifestação contra uma barragem agrícola que deixou duas pessoas em coma no sábado, está na mira das organizações de direitos humanos.

Nos dois casos "há um uso desproporcional da força que já havíamos denunciado durante (o protesto social em 2018 e 2019) dos coletes amarelos", afirmou à AFP Jean-Claude Samouiller, da ONG Anistia Internacional.
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