Publicado 11/04/2023 12:38
O secretário permanente do Ministério da Defesa da Finlândia, general Esa Pulkkinen, disse na última segunda-feira, 10, que após a adesão do país nórdico à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, passou a ser "totalmente imprevisível", deixando em aberto o risco de uma guerra nuclear.
"Quando Putin começou a falar, no fim de 2021, sobre a proteção dos interesses de segurança da Rússia, especialmente a expansão da Otan, é claro que ele mirava a Ucrânia, mas a interpretação na Finlândia foi de que qualquer país estaria sujeito a ações", disse ele, em entrevista à "Folha de S. Paulo".
De acordo com ele, a adesão à aliança militar foi consumada na semana passada, dobrando a ligação por terra da Rússia com seus rivais, "surpreendentemente rápida". "Até abril de 2022, mais ou menos, não tínhamos certeza de que seria assim", afirmou o secretário.
O finlandês disse que, embora já tenha se preocupado mais com a possibilidade de uma guerra nuclear, ela continua sendo um risco. Ele ainda afirmou que, no cenário atual, nem a Rússia nem a Ucrânia teriam condições de vencer o conflito, iniciado em fevereiro de 2021 e que já passa de um ano de duração.
"Me preocupa muito (uma eventual Terceira Guerra Mundial, nuclear). Já me preocupei mais, menos, mas a questão é um risco aberto", disse o secretário, que é número 2 da pasta. "O problema é que ninguém sabe qual é a real linha vermelha de Putin. Será a Crimeia (território anexado pela Rússia em 2014)? Mas a Ucrânia não tem condições de tomar a Crimeia. Nem um, nem outro tem condições de ganhar militarmente hoje."
O general disse que, nas próximas semanas, haverá tentativas de ofensivas russas, mas não prevê resultados ou defende negociações. Sobre a entrada na Otan, o secretário disse que a Finlândia tem muito a oferecer às outras 30 nações que fazem parte da aliança.
Apesar de ter apenas 20 mil militares, 280 mil podem ser mobilizados imediatamente. "A Otan virou uma força expedicionária. Nós nunca abandonamos nossa defesa nacional, e temos hoje a mais poderosa artilharia da Europa, mais do que países maiores e mais ricos, como a Alemanha", afirmou. Atualmente, a Finlândia tem 682 peças de artilharia e lançadores de foguetes. Berlim, por exemplo, soma 245 dessas armas.
Ele ainda citou a visita do presidente da França, Emmanuel Macron, ao líder chinês Xi Jinping — maior aliado de Putin —, como uma complexidade. "Todos têm suas questões, húngaros, turcos (países que dificultaram a entrada finlandesa na Otan e ainda barram a da Suécia). Mas com a China é complicado, até mesmo para a Finlândia, há as questões de comércio", afirmou.
Kremlin promete retaliações
"Quando Putin começou a falar, no fim de 2021, sobre a proteção dos interesses de segurança da Rússia, especialmente a expansão da Otan, é claro que ele mirava a Ucrânia, mas a interpretação na Finlândia foi de que qualquer país estaria sujeito a ações", disse ele, em entrevista à "Folha de S. Paulo".
De acordo com ele, a adesão à aliança militar foi consumada na semana passada, dobrando a ligação por terra da Rússia com seus rivais, "surpreendentemente rápida". "Até abril de 2022, mais ou menos, não tínhamos certeza de que seria assim", afirmou o secretário.
O finlandês disse que, embora já tenha se preocupado mais com a possibilidade de uma guerra nuclear, ela continua sendo um risco. Ele ainda afirmou que, no cenário atual, nem a Rússia nem a Ucrânia teriam condições de vencer o conflito, iniciado em fevereiro de 2021 e que já passa de um ano de duração.
"Me preocupa muito (uma eventual Terceira Guerra Mundial, nuclear). Já me preocupei mais, menos, mas a questão é um risco aberto", disse o secretário, que é número 2 da pasta. "O problema é que ninguém sabe qual é a real linha vermelha de Putin. Será a Crimeia (território anexado pela Rússia em 2014)? Mas a Ucrânia não tem condições de tomar a Crimeia. Nem um, nem outro tem condições de ganhar militarmente hoje."
O general disse que, nas próximas semanas, haverá tentativas de ofensivas russas, mas não prevê resultados ou defende negociações. Sobre a entrada na Otan, o secretário disse que a Finlândia tem muito a oferecer às outras 30 nações que fazem parte da aliança.
Apesar de ter apenas 20 mil militares, 280 mil podem ser mobilizados imediatamente. "A Otan virou uma força expedicionária. Nós nunca abandonamos nossa defesa nacional, e temos hoje a mais poderosa artilharia da Europa, mais do que países maiores e mais ricos, como a Alemanha", afirmou. Atualmente, a Finlândia tem 682 peças de artilharia e lançadores de foguetes. Berlim, por exemplo, soma 245 dessas armas.
Ele ainda citou a visita do presidente da França, Emmanuel Macron, ao líder chinês Xi Jinping — maior aliado de Putin —, como uma complexidade. "Todos têm suas questões, húngaros, turcos (países que dificultaram a entrada finlandesa na Otan e ainda barram a da Suécia). Mas com a China é complicado, até mesmo para a Finlândia, há as questões de comércio", afirmou.
Kremlin promete retaliações
O Kremlin prometeu responder à adesão do país à aliança militar, dizendo que a decisão representa um "ataque à segurança" da Rússia.
"É um novo agravamento da situação. A ampliação da Otan é um ataque à nossa segurança e aos nossos interesses nacionais", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov. "Isso nos obriga a tomar contra-medidas. Vamos acompanhar cuidadosamente o que está acontecendo na Finlândia, como isso nos ameaça. Com base nisso, medidas serão tomadas. Nosso Exército informará quando chegar a hora."
Com a adesão do país nórdico, a Otan duplica a extensão das fronteiras que os membros partilham com a Rússia, o que desagrada Moscou. A aliança é considerada pela Rússia uma das principais ameaças à segurança do país — a vontade da Ucrânia de aderir à organização foi um dos pontos levantados pelo presidente Vladimir Putin para "justificar" a invasão ao país e o início da guerra.
"A Finlândia nunca foi anti-Rússia e não tivemos nenhuma disputa", afirmou Peskov. "Sua adesão à Otan afetará a natureza das relações entre Moscou e Helsinque, já que a aliança é uma organização hostil e hostil em relação à Rússia."
"É um novo agravamento da situação. A ampliação da Otan é um ataque à nossa segurança e aos nossos interesses nacionais", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov. "Isso nos obriga a tomar contra-medidas. Vamos acompanhar cuidadosamente o que está acontecendo na Finlândia, como isso nos ameaça. Com base nisso, medidas serão tomadas. Nosso Exército informará quando chegar a hora."
Com a adesão do país nórdico, a Otan duplica a extensão das fronteiras que os membros partilham com a Rússia, o que desagrada Moscou. A aliança é considerada pela Rússia uma das principais ameaças à segurança do país — a vontade da Ucrânia de aderir à organização foi um dos pontos levantados pelo presidente Vladimir Putin para "justificar" a invasão ao país e o início da guerra.
"A Finlândia nunca foi anti-Rússia e não tivemos nenhuma disputa", afirmou Peskov. "Sua adesão à Otan afetará a natureza das relações entre Moscou e Helsinque, já que a aliança é uma organização hostil e hostil em relação à Rússia."
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