Publicado 14/04/2023 14:13
Imatra - Os guardas fronteiriços da Finlândia apresentaram, nesta sexta-feira, 14, o projeto da futura 'cortina de ferro' que vai ocupar parte da sua imensa fronteira com a Rússia, de 1.340 quilômetros. A medida é consequência da guerra na Ucrânia.
A unidade militar convidou a imprensa para visitar as obras do primeiro trecho da fronteira, com três quilômetros de extensão, perto de Imatra, no sudeste do país, dias após a adesão da Finlândia à Otan.
No total, serão erguidos 200 quilômetros de cerca metálica, com três metros de altura ao longo de uma estrada. A infraestrutura terá um custo de 380 milhões de euros, cerca de R$ 2 bilhões, de acordo com o orçamento previsto.
Grande parte dessa cerca metálica (70%) ficará na fronteira sudeste, a mais densa da linha divisória com a Rússia, segundo o projeto - ainda a ser concluído - apresentado nesta sexta-feira. Mais ao norte também serão erguidas barreiras, ao longo da fronteira quase desabitada, que se estende até a Lapônia e a fronteira norueguesa, no Ártico.
"Haverá várias dezenas de seções para a cerca", explicou o general de brigada Jari Tolppanen à imprensa, citando como exemplo "as passagens de fronteira e seus arredores, as estradas que cruzam a fronteira e as áreas que podem ser acessadas facilmente com um meio de transporte".
No local-piloto onde está sendo construída a cerca, a seis quilômetros de Imatra, os guindastes já removem as árvores derrubadas, mas a cerca ainda não foi levantada.
As obras começaram no final de fevereiro e a última fase de construção da barreira terminará, a princípio, em 2026. Cerca de 70 quilômetros serão erguidos até 2025. As fronteiras finlandesas são atualmente protegidas com cercas leves de madeira, projetadas para impedir a passagem de gado.
Este também foi o caso durante a Guerra Fria, quando o país nórdico foi obrigado a assumir uma neutralidade forçada por Moscou após a Segunda Guerra Mundial.
A fronteira sudeste foi traçada em 1940 e formalizada em 1947, depois que a União Soviética anexou grande parte da Carélia finlandesa, o que levou ao deslocamento de centenas de milhares de habitantes. Desde então, estava mal equipada.
No ano passado, três décadas após o fim da Guerra Fria, a Finlândia decidiu erguer uma cerca metálica, depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia. As autoridades apresentaram o projeto como uma forma de evitar a instrumentalização dos fluxos migratórios, como aconteceu em Belarus.
"É a única maneira eficaz e segura de controlar os fluxos de entrada em grande escala", enfatizou o general Tolppanen. "Devemos reduzir nossa dependência da eficácia do controle do lado russo da fronteira", explicou.
Esta nova cortina de ferro põe fim a um período em que a região fronteiriça finlandesa se comprometeu a dialogar com a Rússia para garantir sua prosperidade. A maioria dos habitantes defende que o seu país dê as costas ao gigantesco vizinho, embora a utilidade da cerca também suscite algumas dúvidas.
"Acho que é uma coisa muito boa", opinou Sinikka Rautsiala, morador de Imatra, à AFP. "Devíamos ter construído há muito tempo", acrescentou.
"Não acho muito necessário", discordou Pirjo Pänkäläinen, que também mora nessa cidade de 25 mil habitantes. "Mas certamente, como há muito medo causado por esta situação, muitas pessoas pensam que é importante construí-la".
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