Famílias cruzam a selva de Darién fugindo da crise econômicaMarcelo Gonzalez/Unicef
Publicado 18/04/2023 12:26
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A Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertam para um aumento preocupante de pessoas que cruzam o Darién — a perigosa selva que marca a fronteira entre o Panamá e a Colômbia — em busca de proteção e oportunidades.
Segundo dados das autoridades panamenhas, um número recorde de mais de 100 mil pessoas atravessou a selva de Darién, seis vezes mais do que as que chegaram no mesmo período em 2022. As autoridades estimam que, se a tendência continuar, 2023 poderá fechar com mais de 400 mil pessoas atravessando o Darién.
O Panamá enfrenta uma das mais desafiadoras crises de movimentos mistos da última década, como parte de um deslocamento sem precedentes através das Américas. Após o recorde no ano de 2022, no qual quase 250 mil refugiados e migrantes arriscaram suas vidas ao atravessar o Darién em busca de proteção e melhores oportunidades, o primeiro trimestre de 2023 aponta para um aumento no trânsito de pessoas por esta rota.
De acordo com estatísticas do Serviço Nacional de Migração (SNM), em março deste ano as principais nacionalidades que cruzaram a selva de Darién são cidadãos da Venezuela (30.250), Haiti (23.640), Equador (14.327), além de pessoas da China (3.855), Índia (2.543), e os filhos de haitianos nascidos no Chile (2.499) e no Brasil (2.072). Outras nacionalidades incluem pessoas da Colômbia, Afeganistão, Camarões, Somália e Peru, entre outras.
Os últimos relatórios mensais de monitoramento do ACNUR e da OIM relatam que as pessoas frequentemente deixam seu país de origem por razões econômicas, incluindo a falta de acesso ao emprego. Mais da metade das pessoas também relatam ter fugido de seus países devido a níveis gerais de insegurança ou ameaças, bem como ataques específicos contra elas e seus familiares.
Além disso, três quartos das pessoas sofreram um ferimento ou acidente na viagem e um terço sofreu alguma forma de maus-tratos ou abusos, especificamente durante a travessia da selva de Darién.
“Os perigos e níveis de violência enfrentados pelas pessoas que cruzam a selva de Darién são motivo de grande preocupação”, disse Philippa Candler, Representante do Escritório Multipaís do ACNUR no Panamá. “Há uma necessidade urgente de trabalhar em uma solução regional baseada na proteção para responder a esta crise humanitária sem precedentes nas Américas”.
“As histórias que ouvimos mostram os horrores de atravessar o Darién para famílias inteiras. Muitos perderam suas vidas ou desapareceram enquanto outros conseguiram atravessar, mas agora têm problemas de saúde significativos. Estamos preocupados que as pessoas que estão pensando em fazer esta travessia não estejam conscientes dos perigos associados a esta rota”, acrescentou Giuseppe Loprete, Chefe do Centro Administrativo Global e Missão da OIM Panamá.
Nas fronteiras com a Colômbia e a Costa Rica, o ACNUR apoia a resposta do governo nas Estações Temporárias de Recepção Migratória (ETRM), fornecendo informações sobre o procedimento de asilo no país, os riscos da viagem ao norte, oferecendo apoio psicossocial, fornecendo abrigo e artigos de primeira necessidade a quem precise. Enquanto a OIM oferece apoio com o fornecimento de alimentos, necessidades básicas, serviços de saúde; gerenciamento e coordenação de abrigos temporários; e a implementação de campanhas de comunicação para informar sobre os riscos associados à migração irregular.
De acordo com a Declaração de Los Angeles sobre Migração e Proteção, o ACNUR e a OIM continuarão a apoiar os esforços nacionais, regionais e hemisféricos para fortalecer as estruturas necessárias para a proteção internacional e o acesso a procedimentos de asilo justos e eficientes, bem como para facilitar as condições para uma migração segura, ordenada, humana e regular.
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