Publicado 08/05/2023 20:28
Nova York - A acusação e a defesa apresentaram nesta segunda-feira (8) as alegações finais no julgamento civil em Nova York contra Donald Trump, acusado de estupro e difamação por uma ex-jornalista. Agora, a possível condenação financeira ao ex-presidente está nas mãos do júri popular.
E. Jean Carroll, de 79 anos, processou Trump no ano passado, alegando que ele a estuprou em uma loja de departamento de Nova York em meados da década de 1990. Ex-colunista da revista Elle, ela também afirma que Trump a difamou depois que ela tornou pública sua acusação em um livro em 2019.
O júri começará a deliberar a partir desta terça-feira se dá razão a Carroll, que exige de Trump uma indenização por perdas e danos em um valor não determinado por este fato que, segundo ela reconheceu no julgamento, impediu-a de voltar a ter uma vida amorosa.
Ao apresentar suas alegações finais nesta segunda, a advogada de Carroll instou o júri de um tribunal federal em Manhattan a responsabilizar Trump pelo ocorrido.
"Ninguém, nem mesmo um ex-presidente, está acima da lei", afirmou a advogada Roberta Kaplan.
A defensora lembrou ao júri que sua cliente foi interrogada "por mais de dois dias e respondeu a cada pergunta", em particular as "razões por não ter gritado" durante o suposto estupro que teria ocorrido há mais de 25 anos.
Trump, que sempre negou as acusações, não compareceu ao tribunal durante as audiências do julgamento.
Contudo, nos trechos em vídeo do interrogatório ao qual foi submetido pela advogada de acusação em outubro do ano passado, divulgados na sexta-feira, ele disse que se trata da "história mais ridícula e asquerosa". "Tudo é mentira", frisou, e tachou Carroll de "doente".
Ele reiterou que não conhecia a acusadora, apesar de ambos aparecerem sorridentes, junto de seus respectivos parceiros, em uma foto apresentada no julgamento e feita antes de seu suposto encontro em 1996, na qual Trump confundiu Carroll com sua ex-esposa Marla Maples.
- "Exatamente o seu tipo" -
Além disso, Trump descreveu Carroll como uma mulher que "não fazia [seu] tipo".
Além disso, Trump descreveu Carroll como uma mulher que "não fazia [seu] tipo".
"A verdade é que" Carroll "fazia exatamente o seu tipo", declarou, por outro lado, Kaplan.
O advogado de Trump, Joe Tacopina, disse aos seis homens e três mulheres do júri que "eles querem que vocês o odeiem o suficiente para ignorar os fatos", em alegações ofensivas que duraram 2h30, durante as quais destacou incoerências e falta de provas materiais.
Ele reconheceu que Trump pode ter se referido de maneira "crua" ou "rude" às mulheres, mas isso não "transforma um fato incrível em crível" e apelou para o "bom senso" do júri porque, segundo ele, se Trump tivesse agredido sexualmente Carroll, "ele teria sido preso imediatamente".
Carroll "nunca foi à polícia porque nunca aconteceu", concluiu. Para ele, trata-se de uma maquinação para que Carroll venda mais seu livro.
A escritora reconheceu durante o julgamento que não tinha ido nem à polícia nem ao hospital após o estupro. "Publiquei a história não porque estava escrevendo o livro", mas pelo movimento #MeToo surgido a partir das denúncias de agressões pelo então produtor de cinema Harvey Weinstein, condenado a vários anos de prisão.
"Levei muito tempo para perceber que ficar em silêncio não funciona", apontou.
O caso é um dos vários desafios legais enfrentados pelo magnata republicano de 76 anos, que busca retornar à Casa Branca nas eleições de 2024.
No mês passado, ele se declarou inocente em um caso criminal relacionado a um pagamento em dinheiro para comprar o silêncio de uma estrela pornô pouco antes da eleição de 2016.
Trump também está sendo investigado por seus esforços para anular sua derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia, por sua suposta má gestão de documentos classificados retirados da Casa Branca e por sua implicação no ataque ao Capitólio americano por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021.
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