Onze dos 15 condados do leste dos EUA aprovaram leis locais para forçar os funcionários públicos a debater os termos de uma hipotética separaçãoAFP
Publicado 16/05/2023 14:34
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Joseph - A fronteira entre o estado do Oregon e seu vizinho mais conservador Idaho está marcada pelas imponentes Montanhas Rochosas. Para alguns habitantes desta região predominantemente rural, porém, esta linha tem de ser modificada para além do critério geográfico.

Debbie Price, de 64 anos, moradora de Joseph, uma pequena comunidade rural do Oregon perto da divisa entre ambos os estados, pertence a um movimento local que quer redesenhar o mapa da região leste do estado para poder se separar e se unir a Idaho, lugar que é um reduto de ideias mais conservadoras, do qual se sente mais próximo.

"Talvez eu seja antiquada (...) Mas não quero avanços, nem tentar ir na direção que o mundo está tomando", disse à AFP essa assistente jurídico aposentado.

“Há muito mais liberdades em Idaho do que aqui”, diz Debbie, que questiona, porém, as rígidas leis de armas do Oregon, assim como sua política flexível de drogas, descriminalização do aborto e defesa dos direitos das pessoas da comunidade LGBTQ+.

"Quero que tudo fique como está", acrescenta, ou seja, sem as mudanças que ela atribui à agenda "woke" (termo usado para grupos, ou tendências, mais progressistas). Por isso, aplaude as autoridades de Idaho por criminalizarem o aborto.

Oregon não elege um governador republicano há 40 anos. A divisão política é, contudo, visível geograficamente: os condados rurais votam em republicanos conservadores, enquanto as cidades, que concentram a maior parte da população no oeste do estado, são de maioria democrata.

'Grande Idaho'
Nas áreas rurais, muitos eleitores se sentem mais distantes da elite urbana que vive na costa do Pacífico do que do estado vizinho. Assim, ganhou força a proposta de criar uma "Grande Idaho" que abarque metade do Oregon.

Onze dos 15 condados do leste aprovaram leis locais para forçar os funcionários públicos a debater, de forma periódica, os termos de uma hipotética secessão. Nesta terça-feira, o condado de Wallowa, onde Debbie Price mora, votará uma medida similar.

Em um clima de frustração nesta região pouco povoada dos Estados Unidos, abundam faixas como "Movam a fronteira do Oregon" e "Trump 2024", referindo-se à eleição presidencial do ano que vem.

Os habitantes dessas comunidades sentem que as leis quem emanam das cidades ignoram seu modo de vida rural.

Esses moradores reivindicam políticas ambientais como a proteção dos lobos — para eles, uma ameaça ao seu gado —, ou a restrição da atividade madeireira, que eles veem como causadora do declínio desse setor. Também questionam a pressão por alternativas ao uso de combustíveis fósseis.

Por enquanto, porém, a "Grande Idaho" parece ser apenas um sonho. Mudar a fronteira exigiria a aprovação por parte das Assembleias estaduais de Idaho e Oregon, além da aprovação do Congresso em Washington, D.C..

Esse é um cenário altamente improvável nos Estados Unidos, país com uma longa história de separatismo: a Guerra Civil deu origem à Virgínia Ocidental, em 1863, e a Califórnia resistiu a mais de 200 tentativas de secessão. Os democratas zombam da proposta separatista.

Ainda assim, em fevereiro, a Câmara de Representantes de Idaho aprovou uma resolução para discutir um eventual projeto separatista. Isso deu ímpeto aos defensores da secessão, como o fazendeiro Curt Howell, de 67 anos, que acredita que a ideia possa ser aplicada além do Oregon. 
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