Publicado 30/06/2023 21:05
Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a defender a ditadura na Venezuela sob Nicolás Maduro e dizer que o conceito de democracia é "relativo", a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, contrariou o chefe do Executivo federal. "Governo que impede direitos fundamentais não é democrático", afirmou a ministra, ontem, à GloboNews. "Cada um tem a sua interpretação, (mas) ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune."
Questionada se concordava com a declaração de que a democracia é um conceito relativo, Tebet não entrou no mérito da fala do presidente. Declarou apenas que pode "garantir" que ela e Lula entendem o regime democrático da mesma forma. "Democracia é direito fundamental, absoluto e irrevogável do povo brasileiro".
Anteontem, em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula afirmou que "a Venezuela tem mais eleições do que o Brasil" e que "o que não está correto é a interferência de um país dentro de outro". No mesmo dia, ao participar da abertura do Foro de São Paulo, em Brasília, o presidente elogiou os ditadores Fidel Castro e Hugo Chávez e disse "se orgulhar" do rótulo de comunista. O evento reúne os principais partidos de esquerda da América Latina e ocorre até amanhã na capital federal.
Direitos
"Eu tenho uma visão particular sobre o governo da Venezuela. É um governo que não respeita os direitos fundamentais, o direito de liberdade de expressão, o direito do cidadão ir e vir e de fazer as suas críticas, ainda que construtivas, ao governo. Para mim, quando você tem um governo que impede esse tipo de direito que é previsto e que é absoluto para uma democracia, você não tem um governo democrático", afirmou a ministra do Planejamento
Tebet prosseguiu: "Democracia é o direito de ir e vir, de ir às urnas e poder votar, direito do povo brasileiro de se expressar. Poucas são as limitações em uma democracia. A única, basicamente mais importante, é que ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune", disse ela.
Proximidade
Em maio, Lula recebeu Maduro, no Palácio do Planalto. Sem citar violações de direitos humanos e políticos reconhecidos pelas Nações Unidas, o petista isentou o presidente da Venezuela de responsabilidades sobre a crise econômica que atinge o país e condenou as sanções que recaem sobre o regime chavista. Ao lado de Maduro, Lula afirmou, na época, que a Venezuela precisava divulgar sua "narrativa" sobre a situação política e econômica do país.
Na entrevista à rádio de Porto Alegre, anteontem, o presidente foi na mesma linha: "Quem quiser derrotar o Maduro derrote nas próximas eleições e assuma o poder. Vamos lá fiscalizar. Se não tiver eleição honesta, a gente fala".
Em relação a outro aliado de esquerda, o ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, o petista afirmou que pretende conversar com ele sobre "os problemas da Igreja". Ortega persegue padres católicos
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