Primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro SánchezAFP
Publicado 16/07/2023 15:44
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No próximo domingo, 23, a Espanha vai às urnas para eleições legislativas que, segundo as pesquisas, devem devolver o poder à direita e fortalecer o domínio dos partidos conservadores na União Europeia. Convocadas pelo presidente de governo, o socialista Pedro Sánchez, após a debacle da esquerda nas eleições municipais de 28 de maio, o pleito geral antecipado também pode trazer a extrema direita para o seio do governo pela primeira vez desde a morte do ditador Francisco Franco há meio século.
Uma situação que confirmaria "um processo contínuo e paulatino de normalização da extrema direita a nível europeu", afirmou o historiador Steven Forti, professor da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB).
Assim, muita coisa está em jogo tanto para Sánchez, no poder desde 2018 à frente de uma coalizão minoritária que passou a contar com o partido de esquerda radical Podemos em 2020, como para a esquerda europeia.
"É evidente que existe um movimento de fundo [na Europa] e a Espanha é uma barreira de contenção bastante importante para essa corrente regressiva e reacionária", afirmou em junho ao jornal La Vanguardia a ministra para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, em referência a uma possível coalizão de governo entre direita e extrema direita. 
Desde as eleições municipais, o triunfo do Partido Popular (PP, conservadores) de Alberto Núñez Feijóo nas legislativas de 23 de julho parece inevitável.
A única dúvida é se haverá necessidade de uma aliança com o Vox, um partido ultranacionalista e ultraconservador nascido em 2013 de uma cisão no PP, para alcançar a maioria absoluta de 176 deputados necessária para formar governo.
A dinâmica da direita perdeu impulso quando o PP foi obrigado a negociar acordos com o Vox para formar governo em algumas regiões que estavam sob controle da esquerda. Como esperava Sánchez, o PP e seu líder não saíram ilesos dessas negociações, com a rejeição do Vox a falar de "violência de gênero" e sua negação da mudança climática.
Posições extremas que não são as do PP, mas que permitiram a Sánchez fazer campanha pedindo que os eleitores a não votassem nos conservadores porque isso significaria levar o Vox para o governo e causar retrocessos sociais. Seu objetivo é duplo: dissuadir o eleitor de centro a votar no PP e mobilizar os 500 mil simpatizantes da esquerda que não compareceram às urnas em 28 de maio.
Mas as esperanças escassas de Sánchez de uma "virada" se viram frustradas depois de seu fraco desempenho diante de Feijóo no único debate televisionado entre ambos, em 10 de julho, que levou ao crescimento do PP nas pesquisas.
Sánchez gabou-se de seu desempenho na economia, que é bastante positivo no contexto europeu, com uma Espanha que cresceu 5,5% em 2022 e se tornou, em junho, a primeira grande economia da UE em que a inflação caiu para menos de 2% (1,9%). O problema para ele, no entanto, é que a percepção dos espanhóis sobre a própria situação econômica continua sendo muito negativa. 
O líder socialista também aumentou suas entrevistas em programas de grande audiência que costumava ignorar. "Sánchez reconhece que errou ao não comparecer nos meios de comunicação que considerava hostis", resumiu a cientista política Cristina Monge.
Mas talvez seja tarde para Sánchez, que conta com uma imagem muito negativa para além da esquerda, e que deteriorou ainda mais com os efeitos devastadores de leis promovidas pelo Podemos. Isso facilitou a campanha do PP, que popularizou o lema "derrubar o sanchismo". Nas palavras de Núñez Feijóo, isso significa abolir "todas aquelas leis inspiradas nas minorias e que atentam contra as maiorias".
O Podemos, que está em queda livre, resignou-se a ser absorvido por uma nova coalizão de esquerda radical, Sumar (Somar, em português), dirigida pela ministra do Trabalho, a comunista Yolanda Díaz, com quem os socialistas buscam formar uma nova coalizão de governo. Uma hipótese pouco provável com base nas pesquisas, embora a Sumar brigue pelo terceiro lugar com o Vox.
Também pode influir no resultado a data do pleito, em pleno verão europeu, com milhões de espanhóis de férias que, se quiserem votar, terão que fazê-lo por correio.
Os especialistas consideram que é cada vez menos improvável um cenário vivenciado há alguns anos, de um Parlamento sem uma maioria de governo viável, o que levaria a novas eleições nos meses seguintes.
 
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