Publicado 17/07/2023 10:45
Denise Christ está acostumada a lidar com animais feridos em seu trabalho voluntário ao longo da costa da Califórnia, mas ficou chocada com o número sem precedentes de leões-marinhos e golfinhos intoxicados que morreram nas últimas semanas.
"É de partir o coração, para dizer o mínimo", afirma Christ, membro do Instituto de Vida Selvagem e Marinha das Ilhas do Canal (CIMWI), no condado de Ventura.
A intoxicação dos animais é resultado de um surto de ácido domoico, uma neurotoxina presente nas algas que os peixes consomem e que, por sua vez, são comidas por leões-marinhos e golfinhos.
Os surtos são comuns no verão, mas duas crises consecutivas em menos de um ano dispararam o alarme e sobrecarregaram a equipe do CIMWI, baseada na comunidade de Gaivota, cerca de 190 quilômetros a noroeste de Los Angeles.
"Tivemos um surto muito intenso no ano passado, mas este ano foi muito pior do que qualquer coisa que vi em 35 anos de trabalho com mamíferos marinhos", conta à AFP o doutor Sam Dover, diretor executivo e cofundador da CIMWI.
"Fiquei impressionado com a quantidade de animais que havia na praia, eram cerca de 300 leões-marinhos", lembra Ken Hughes, colega de Christ do condado de Santa Bárbara. "Foi muito triste", lamenta.
"Nova realidade"
"É de partir o coração, para dizer o mínimo", afirma Christ, membro do Instituto de Vida Selvagem e Marinha das Ilhas do Canal (CIMWI), no condado de Ventura.
A intoxicação dos animais é resultado de um surto de ácido domoico, uma neurotoxina presente nas algas que os peixes consomem e que, por sua vez, são comidas por leões-marinhos e golfinhos.
Os surtos são comuns no verão, mas duas crises consecutivas em menos de um ano dispararam o alarme e sobrecarregaram a equipe do CIMWI, baseada na comunidade de Gaivota, cerca de 190 quilômetros a noroeste de Los Angeles.
"Tivemos um surto muito intenso no ano passado, mas este ano foi muito pior do que qualquer coisa que vi em 35 anos de trabalho com mamíferos marinhos", conta à AFP o doutor Sam Dover, diretor executivo e cofundador da CIMWI.
"Fiquei impressionado com a quantidade de animais que havia na praia, eram cerca de 300 leões-marinhos", lembra Ken Hughes, colega de Christ do condado de Santa Bárbara. "Foi muito triste", lamenta.
"Nova realidade"
Ainda não há explicação para o surto deste ano, mas há várias teorias. "As algas normalmente vêm de áreas com resíduos agrícolas", explica Sam Dover. "Este ano choveu muito na Califórnia, então há mais resíduos agrícolas de todo o estado, não apenas das regiões locais".
Hughes acrescenta que a geração de algas também é favorecida pelo aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas.
"As coisas estão mudando e os oceanos estão mudando", afirma Denise Christ. "Acho que esta é a nova realidade". Quando os leões-marinhos consomem a toxina, eles sofrem efeitos neurológicos.
"Eles basicamente não sabem que são leões-marinhos. Não sabem onde estão ou o que estão fazendo", explica Hughes. Então os animais vão para as margens, onde vagam aleatoriamente e chamam a atenção dos banhistas.
O surto de ácido domoico em 2022 ocorreu em meados de agosto, mas este ano a equipe começou a receber ligações de resgate no final de maio, lembra Dover: "No início, trazíamos um animal por dia. Mas em 8 de junho as comportas se abriram e os animais começaram a aparecer em todos os lugares". "Definitivamente o pior surto que já vi", admite Dover.
Golfinhos e leões-marinhos jovens
Hughes acrescenta que a geração de algas também é favorecida pelo aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas.
"As coisas estão mudando e os oceanos estão mudando", afirma Denise Christ. "Acho que esta é a nova realidade". Quando os leões-marinhos consomem a toxina, eles sofrem efeitos neurológicos.
"Eles basicamente não sabem que são leões-marinhos. Não sabem onde estão ou o que estão fazendo", explica Hughes. Então os animais vão para as margens, onde vagam aleatoriamente e chamam a atenção dos banhistas.
O surto de ácido domoico em 2022 ocorreu em meados de agosto, mas este ano a equipe começou a receber ligações de resgate no final de maio, lembra Dover: "No início, trazíamos um animal por dia. Mas em 8 de junho as comportas se abriram e os animais começaram a aparecer em todos os lugares". "Definitivamente o pior surto que já vi", admite Dover.
Golfinhos e leões-marinhos jovens
Em 2022, o instituto resgatou cerca de 300 animais, mas este ano chegou a receber 300 ligações por dia. Outra característica incomum desta temporada é a intoxicação de golfinhos, que no caso do ácido domoico pode ser fatal.
Dover registrou mais de 110 mortes de golfinhos por intoxicação nas últimas semanas na região monitorada pelo CIMWI. Christ acrescenta que o surto deste ano afeta leões-marinhos de um ano de idade e fêmeas grávidas mais do que o normal.
Como não há cura nem antídoto, a única forma de tratar esses animais são fluidos, alimentos, remédios para conter as convulsões e paciência, explicam os especialistas. Os mais jovens, no entanto, têm mais chances de sobreviver à intoxicação porque comem menos peixes do que os adultos.
"Estamos conseguindo remover o ácido domoico dos corpos dos jovens", explica Dover, enquanto os voluntários limpam com uma mangueira os amplos cubículos onde os leões-marinhos comem grandes quantidades de peixe.
Para os voluntários, além do fator emocional devido ao enorme número de mortes, há o desafio logístico pelas limitações de espaço, musculatura e recursos para pagar remédios e transporte. "É exaustivo", admite Christ.
"Os leões-marinhos não ganharam esse nome por serem fofos e fáceis de abraçar", diz Hughes. "Eles são um dos maiores predadores que existem. Eles são muito fortes, rápidos e têm uma mordida potente", explica.
Alimentar, avaliar e movê-los demanda recursos, diz Dover, cujo instituto depende da ajuda do governo, de doações e do trabalho voluntário. "Em essência, todo dia é uma batalha pelos animais e por nossas finanças".
Dover registrou mais de 110 mortes de golfinhos por intoxicação nas últimas semanas na região monitorada pelo CIMWI. Christ acrescenta que o surto deste ano afeta leões-marinhos de um ano de idade e fêmeas grávidas mais do que o normal.
Como não há cura nem antídoto, a única forma de tratar esses animais são fluidos, alimentos, remédios para conter as convulsões e paciência, explicam os especialistas. Os mais jovens, no entanto, têm mais chances de sobreviver à intoxicação porque comem menos peixes do que os adultos.
"Estamos conseguindo remover o ácido domoico dos corpos dos jovens", explica Dover, enquanto os voluntários limpam com uma mangueira os amplos cubículos onde os leões-marinhos comem grandes quantidades de peixe.
Para os voluntários, além do fator emocional devido ao enorme número de mortes, há o desafio logístico pelas limitações de espaço, musculatura e recursos para pagar remédios e transporte. "É exaustivo", admite Christ.
"Os leões-marinhos não ganharam esse nome por serem fofos e fáceis de abraçar", diz Hughes. "Eles são um dos maiores predadores que existem. Eles são muito fortes, rápidos e têm uma mordida potente", explica.
Alimentar, avaliar e movê-los demanda recursos, diz Dover, cujo instituto depende da ajuda do governo, de doações e do trabalho voluntário. "Em essência, todo dia é uma batalha pelos animais e por nossas finanças".
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