Publicado 18/07/2023 15:42
Gandhinagar - Os ministros das Finanças do G20 encerraram, nesta terça-feira (18), uma reunião na Índia com poucos avanços sobre a reestruturação da dívida dos países mais vulneráveis, alertando para o agravamento da pobreza e divergências sobre a guerra na Ucrânia.
Muitas economias ainda se recuperam do duplo impacto da pandemia e da invasão russa da Ucrânia, que inicialmente elevou os preços dos combustíveis e das matérias-primas.
Ao mesmo tempo, os efeitos das mudanças climáticas agravam a situação dos países mais vulneráveis.
Os ministros do Grupo das 20 maiores economias do mundo não concordaram sobre um comunicado conjunto porque não se tem "uma fórmula comum sobre a guerra Rússia-Ucrânia", embora tenham avançado em outros pontos, afirmou a ministra de Finanças do país-anfitrião, Nirmala Sitharaman, após dois dias de reuniões na cidade de Gandhinagar.
"A maioria dos países-membros condenou fortemente a guerra na Ucrânia, e ressaltou que ela está causando um imenso sofrimento humano e ampliando as fragilidades existentes na economia mundial", diz o relatório da reunião, na qual também participaram dirigentes de bancos centrais.
A guerra está "limitando o crescimento, aumentando a inflação, interrompendo as cadeias de abastecimento, aprofundando a insegurança energética e alimentar e elevando riscos financeiros", acrescentou o documento.
O assunto era uma questão espinhosa para a Índia, que não condenou a invasão de Moscou e aumentou a compra do petróleo do país.
Ao longo dos dois dias de reuniões, a Rússia encerrou o acordo de exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro, uma decisão que foi discutida no encontro.
"Muitos países reprovaram a Rússia por ter agido assim", a respeito de um acordo fundamental para abastecer os países em desenvolvimento, disse à AFP o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel.
O ministro das Finanças da África do Sul, Enoch Godongwana, alertou que a decisão russa "poderá ter um impacto nos preços dos alimentos, o que pesará ainda mais nos países pobres".
Já o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, advertiu nesta terça-feira contra a perigosa divisão instaurada na economia mundial, na ausência de progressos no combate à pobreza.
"A frustração do Sul Global é compreensível. De muitas maneiras, eles estão pagando o preço por nossa prosperidade. E, embora devessem contar com mais, estão preocupados que os recursos prometidos sejam desviados para a reconstrução da Ucrânia", argumentou.
Por isso tudo, estes países "temem que a pobreza arraste mais uma geração", enfatizou.
- China reticente a acordo sobre a dívida -
O Banco Mundial afirmou que busca aumentar sua capacidade de empréstimo para incentivar o crescimento e o emprego.
O Banco Mundial afirmou que busca aumentar sua capacidade de empréstimo para incentivar o crescimento e o emprego.
Os Estados Unidos indicaram que os esforços para reformar as instituições multilaterais, como o Banco Mundial e outras entidades regionais, poderiam liberar 200 bilhões de dólares na próxima década (965 bilhões de reais, na cotação atual).
Por outro lado, houve pouco progresso na questão da reestruturação da dívida em favor dos países de baixa renda, que, no entanto, era uma prioridade para o grupo das vinte maiores economias, indicaram várias autoridades.
A China, segunda maior potência econômica do mundo e principal financiadora de muitos países de baixa renda na Ásia e na África, até agora se opôs a um acordo multilateral comum.
O Ministério chinês de Finanças considerou que os credores multilaterais deveriam administrar a dívida "seguindo o princípio da ação comum", e que o G20 deveria "analisar objetivamente as causas dos problemas de endividamento sofridos pelos os países mais vulneráveis".
Várias nações do G20 sinalizaram que Pequim estava relutante em concordar com este ponto.
Para a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o processo de reestruturação da dívida "precisa ser mais rápido e mais eficaz", já que os custos da demora para encontrar um acordo afetam principalmente todos os países devedores e sua população.
Mais da metade dos países pobres estão superendividados ou perto disso, o dobro de 2015, alertou a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.
As negociações do G20 também abordaram a regulamentação das criptomoedas e a facilitação do acesso ao financiamento para mitigar o impacto das mudanças climáticas e se adaptar a elas.
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