Rei 'aposentado' tem 85 anosReprodução
Publicado 19/07/2023 14:51
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A defesa do rei emérito de Espanha, Juan Carlos de Borbón, garantiu nesta quarta-feira (19), durante uma audiência judicial em Londres, que o processo por assédio apresentado pela ex-amante não se sustenta, por falta de provas e por se basear em "puras especulações".

Em 2020, a dinamarquesa Corinna zu Sayn-Wittgenstein-Sayn entrou com uma ação civil em Londres que ainda está nos estágios iniciais de julgamento.

Entre as denúncias feitas por ela, estão ameaças, invasões, espionagem, hacking e difamação por parte do ex-rei para recuperar um "presente" de 65 milhões de euros (cerca de 350 milhões de reais, na cotação atual), após o fim da relação extraconjugal que tiveram entre 2004 e 2009, e a qual a demandante se recusou a retomar em 2012.

Segundo o advogado de Juan Carlos, Adam Wolanski, a empresária de 58 anos pede 146 milhões de euros (em torno de 786,9 milhões de reais) por danos psicológicos e negócios perdidos em decorrência do "assédio".

No segundo dos quatro dias de audiências preliminares, Wolanski desmentiu os fatos denunciados por Larsen - seu nome de solteira - desde 16 de outubro de 2014, quando afirma que o prazo prescricional termina, embora a solicitante o conteste.

Esta é uma das questões preliminares que a juíza Rowena Collins Rice, do Supremo Tribunal de Londres, terá de decidir após as audiências. A decisão pode ser anunciada após as férias de verão.

Jonathan Caplan, advogado da empresária dinamarquesa, denunciou "uma ampla tentativa" de Juan Carlos "para evitar um julgamento inevitável".

"Muito vago"
Em sua acusação, a dinamarquesa detalha a pressão do ex-rei para acompanhá-lo a festas e financiar a decoração de um apartamento para ele em Londres, além de denunciar que Juan Carlos a difamou perante seus amigos e clientes e contatou sua secretária e seu motorista buscando informações sobre seu dia a dia.

É tudo "pura especulação", disse Wolanski. "Você não tem provas (...) de que o réu tentou lhe causar sofrimento mental ou emocional" e, tampouco, "dano físico".

Larsen também garante que o ex-rei insinuou ter falado sobre ela para o príncipe saudita Mohamed bin Salmán, dando-lhe a entender que a havia acusado de "roubar seu dinheiro".

Em agosto de 2008, o Ministério das Finanças da Arábia Saudita depositou 100 milhões de dólares (480 milhões de reais, na cotação atual) em uma conta no banco Mirabaud, em Genebra, da Fundação Lucum, ligada a Juan Carlos.

Em junho de 2012, a conta foi encerrada e o saldo de 65 milhões de euros foi transferido para Larsen, constituindo o que hoje se conhece como "presente Lucum", segundo o Ministério Público suíço, que investigou a operação, mas não a processou.

"Tudo é muito vago", disse o advogado do ex-rei, garantindo que "isso não é assédio", mas sim um embate entre pessoas que romperam um relacionamento.

Porém, Caplan defendeu que não são os atos individuais em si, "que podem parecer triviais", mas sua repetição e acúmulo, o que configura "uma conduta de assédio", que provocou um profundo sofrimento psicológico em sua cliente.

"Puxar o tapete"
Para a defesa de Juan Carlos, os atos ocorridos em Abu Dabi, Riade, Los Angeles, Áustria, Bahamas e Espanha não podem ser processados sob a lei britânica de proteção contra assédio. E que muitas das supostas ações de "assédio" são atribuídas a outras pessoas que não Juan Carlos.

"A demandante tenta culpar o réu por tudo o que aconteceu com ela na vida com a qual não estava feliz, independentemente de quem fez isso", disse Wolanski.

O advogado afirmou também que para justificar atos de assédio ocorridos após a abdicação do rei da Espanha, em junho de 2014, em favor de seu filho Felipe VI, Larsen precisa se referir a atos anteriores, que, no entanto, foram excluídos do caso pela Corte de Apelação, em dezembro.

O órgão, por sua vez, determinou que, na qualidade de monarca, Juan Carlos gozava de "imunidade" judicial até então. Isso "puxa o tapete" do caso e "toda a estrutura desmorona", finalizou o advogado.

Caplan deve continuar sua argumentação na quinta-feira, na qual tentará contestar a questão da jurisdição.
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