Presidente da Venezuela desde 2012, Nicolás Maduro enfrentará um candidato da oposição ainda indefinido nas eleições de 2024Yuri Cortez/AFP
Publicado 04/08/2023 18:38
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Caracas - Os candidatos das primárias da oposição para eleger um adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024 na Venezuela firmaram, nesta sexta-feira (4), os "princípios" de um programa simbólico de governo comum, em um ato celebrado pelos próprios concorrentes como "sinal de unidade".
Os 13 dirigentes inscritos para a votação interna da oposição, prevista para 22 de outubro, se comprometeram em um documento a respeitar a "alternância" do poder e eliminar a reeleição presidencial, atender a "emergência humanitária" derivada de anos de crise e a libertar "presos políticos", entre outros pontos.
"O ato de hoje quer destacar que, em meio às discordâncias naturais, existe um caminho comum que leva a uma candidatura unitária às eleições presidenciais de 2024", disse o presidente da comissão organizadora das primárias, Jesús María Casal.
Participaram presencialmente do ato nove pré-candidatos, entre eles, María Corina Machado - ex-deputada que lidera as pesquisas - e Henrique Capriles, que se candidatou à presidência em duas ocasiões. Os outros quatro postulantes acompanharam a reunião por vídeo.
As eleições presidenciais, nas quais Maduro busca a reeleição, estão previstas para 2024, embora ainda não tenham uma data marcada.
"Uma mensagem fundamental: o resultado de 2024 se concretiza em 2023. É isso que representa o dia 22 de outubro. Há mais coesão do que nunca, mais determinação para avançar", disse Machado à imprensa.
Capriles também comemorou o acordo dos pré-candidatos.
"Parece-me um bom sinal de unidade. Temos afirmado que ninguém pode fazer isso sozinho, que aqui devemos construir um movimento que junte todos (...), sem preconceitos. É a única forma de termos sucesso em 2024".
As primárias de oposição sofrem duras ameaças, como a cassação de líderes como Machado e Capriles e uma impugnação judicial que busca bloquear a votação. O processo também apresenta desafios logísticos e financeiros, após os organizadores dispensarem o apoio técnico das autoridades eleitorais e proporem mecanismos como "sorteios" para arrecadar recursos.
O documento assinado nesta sexta-feira levanta, entre as suas principais orientações, a necessidade de "um plano nacional" contra a "crise humanitária", centrado na alimentação, saúde e educação; bem como a "retomada" do papel do país como "fornecedor seguro de energia", após o colapso de sua indústria petrolífera.
No campo político, enfatiza um "compromisso com a alternância e o princípio da reeleição presidencial".
A reeleição por tempo indeterminado foi adotada na Venezuela pelo ex-presidente Hugo Chávez, em meio a fortes críticas da oposição, que o acusava de buscar a "permanência" no poder.
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