Presidente da Rússia, Putin e o presidente da Ucrânia, ZelenskyReprodução
Publicado 06/08/2023 14:43
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A Rússia executou neste domingo, 6, um novo ataque em larga escala com mísseis na Ucrânia, contra bases aéreas na região oeste do país, um dia após um petroleiro russo ter sido atingido por drones ucranianos no Mar Negro.

A Força Aérea ucraniana afirmou que derrubou 30 dos 40 mísseis de cruzeiro e todos os drones de fabricação iraniana Shahed lançados pela Rússia durante a noite.

O governo da Ucrânia indicou que a Rússia também usou três mísseis hipersônicos Kinzhal, mas não explicou se estes projéteis foram derrubados.

As autoridades ucranianas não informaram quais bases foram atingidas, mas o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que atacou "bases aéreas das Forças Armadas ucranianas perto das localidades de Starokonstantinov, na região de Khmelnytsky, e Dubno, na região de Rivne".

"O objetivo do bombardeio foi alcançado. Todos os alvos foram atingidos", destacou o ministério no Telegram.

A região de Khmelnytsky, no oeste da Ucrânia e a centenas de quilômetros da frente de batalha, abriga uma importante base aérea e é alvo frequente do Exército russo.

Um funcionário do governo da região, Sergiy Tyurin, afirmou que Khmelnytsky foi alvo de três ataques desde sábado à noite. "As explosões atingiram vários imóveis e a estação ferroviária", anunciou no Telegram.

Os bombardeios também provocaram um incêndio em um depósito de resíduos de milho. O prédio foi destruído e um funcionário ficou ferido, informou Tyurin.

Fabricante de aviões 
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou no sábado sobre os bombardeios na região de Khmelnytsky

Também citou ataques contra unidades da fabricante de aviões Motor Sich, uma das empresas controladas pelo governo ucraniano desde o início da ofensiva russa na Ucrânia em fevereiro de 2022.

A sede do grupo, considerado de grande importância para o esforço de guerra, por construir motores de aviões e helicópteros, fica em Zaporizhzhia, região do sul da Ucrânia ocupada parcialmente pelas tropas russas.

O chefe de Estado ucraniano também afirmou que as tropas russas bombardearam um centro de transfusão de sangue em Kupiansk, cidade próxima da frente de batalha no noroeste da Ucrânia. O ataque deixou dois mortos e vários feridos.

Do lado russo, o prefeito de Moscou, Serguei Sobyanin, informou neste domingo que a defesa antiaérea derrubou um drone que se aproximava da capital.

Moscou foi alvo de vários ataques com drones nas últimas semanas. Uma ação atingiu um prédio de escritórios no bairro comercial da cidade.

Os bombardeios deste domingo aconteceram um dia após o ataque executado por Kiev contra um petroleiro russo no Estreito de Kerch.

O ataque paralisou temporariamente o tráfego na ponte estratégica que liga a Rússia com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Reunião na Arábia Saudita 
A tensão aumentou no Mar Negro desde que a Rússia abandonou, em meados de julho, o acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos por esta via marítima.

Moscou bombardeou infraestruturas portuárias ucranianas no Mar Negro, enquanto Kiev atacou navios russos na mesma região e na península da Crimeia.

No campo diplomático, a Arábia Saudita, que tenta ampliar sua influência no cenário internacional, recebeu no sábado uma reunião sobre a Ucrânia, para a qual a Rússia não foi convidada.

O encontro, que aconteceu em Jidá, contou com a presença de representantes de potências ocidentais, assim como de países emergentes próximos a Moscou. Após horas de discussões, a reunião terminou sem a divulgação de um comunicado.

Zelensky afirmou que a delegação ucraniana tentou promover o "plano de paz" de 10 pontos do país, que inclui a recuperação de todos os territórios ocupados pela Rússia — inclusive a Crimeia.

Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), destacou que "qualquer negociação real" deveria "incluir todas as partes".

O chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak, reconheceu que as discussões não foram fáceis e foram marcadas por "muitas divergências".

As tropas ucranianas iniciaram em junho uma contraofensiva, com equipamento militar e apoio financeiro das potências ocidentais. Mas até o momento, a campanha conseguiu recuperar apenas algumas localidades.
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