Publicado 13/08/2023 08:33
A revolta aumentava entre os moradores de uma localidade do arquipélago americano do Havaí, neste sábado (12), depois que um incêndio florestal devastador deixou pelo menos 80 mortos, segundo as autoridades do condado de Mauí, enquanto foi aberta uma investigação sobre a gestão da crise, muito criticada.
"O número de mortos chega a 80", informou o condado de Mauí em sua última atualização periódica da situação, e acrescentou que 1.418 pessoas foram evacuadas e levadas para refúgios de emergência. De acordo com o governador, Josh Green, mais de mil pessoas perderam suas casas.
A Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) informou que cerca de 2.200 estruturas foram danificadas ou destruídas pelo fogo em Lahaina - cidade da costa oeste de Mauí, muito procurada pelos turistas -, onde os danos são estimados em 5,5 bilhões de dólares (aproximadamente 27 bilhões de reais, na cotação atual).
As críticas à resposta oficial ao desastre são cada vez mais duras. Por esta razão, a procuradora-geral do Havaí, Anne Lopez, anunciou a abertura de uma investigação sobre como a crise foi gerenciada.
Os moradores se queixam de que não houve alertas sobre o incêndio, que deixou as pessoas presas na cidade. Lopez disse que fará "uma revisão exaustiva da tomada de decisões críticas e das políticas em vigor" na região.
Dos comércios, hotéis, prédios e restaurantes desta cidadezinha marítima de 13.000 habitantes não resta quase nada. Alguns tiveram sorte. "No conseguia acreditar. Estou muito grato", disse Keith Todd à AFP, após encontrar sua casa intacta.
Outros se queixaram da falta de advertências. Só contaram com o "boca a boca", disse à AFP William Harry, um morador local. "A montanha atrás de nós pegou fogo e ninguém nos disse", reclamou Vilma Reed, de 63 anos.
Reed, que teve a casa destruída, disse sua família só conseguiu fugir das chamas com o tinha no carro e agora depende de doações e da gentileza de estranhos.
"Esta é a minha casa agora", disse a mulher, ao apontar para o carro onde dormiu com sua filha, seu neto e dois gatos. Atônitos, os moradores de Lahaina procuravam entre os restos enegrecidos das casas algum pertence que tivesse sobrevivido às chamas.
"Levou tudo, tudo! Me parte o coração", lamentou em declarações à AFP Anthony García, de 80 anos, que tinha se mudado para a cidade havia três décadas.
"Subestimamos a periculosidade e a velocidade do fogo", admitiu, neste sábado, à CNN, Jill Tokuda, legisladora democrata pelo Havaí. O número de mortos supera os do tsunami de 1960, que matou 61 pessoas na ilha do Havaí.
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