Publicado 18/08/2023 09:11
O Ministério Público (MP) da Colômbia anunciou nesta quinta-feira, 17, que irá indiciar 55 pessoas, entre funcionários do Estado, lobistas e executivos da Odebrecht, incluindo seu ex-presidente Marcelo Odebrecht, por suspeita de participação no escândalo de corrupção envolvendo a empresa brasileira.
O MP irá "formular acusações" por "apropriação de recursos públicos" contra um grupo de 22 lobistas e ex-executivos da multinacional, agora chamada Novonor, e contra 33 ex-funcionários do governo "por supostas irregularidades" em contratos com a empresa, informou em seu site.
“Durante pelo menos oito anos (2009-2016), a multinacional Odebrecht apropriou-se de recursos públicos em benefício próprio, bem como para o pagamento de propinas de mais de 80 bilhões de pesos (US$ 19,3 milhões)" a funcionários públicos que a selecionaram para construir uma rodovia de 528 km entre o centro do país e a costa do Caribe, segundo o MP.
Marcelo Odebrecht cumpre pena de dez anos imposta pela Justiça brasileira em 2016 por outro escândalo de subornos, relacionado à Petrobras, e está em prisão domiciliar. Eder Paolo Ferracutti, Amilton Hideaki e Marcio Marangonni, executivos brasileiros que também aparecem na lista, já haviam sido acusados, em março de 2021, de participação na rede de corrupção.
Naquela época, o MP anunciou que solicitaria um mandado de prisão internacional contra os três executivos. Um de seus funcionários é investigado por não tramitar o pedido. O MP não informou se a de hoje é uma nova acusação contra os três estrangeiros.
O anúncio é feito um dia depois de o presidente Gustavo Petro ter pedido ao MP a reabertura desses casos, denunciando a impunidade ligada aos maiores responsáveis pelo esquema de corrupção. O presidente também pediu ajuda aos governos do Brasil e dos Estados Unidos para punir os principais responsáveis.
Ao contrário de outras nações latino-americanas, como o Peru, na Colômbia funcionários do alto escalão do Estado não foram julgados por esses fatos. Luis Fernando Andrade, ex-diretor da estatal Agência Nacional de Infraestrutura (ANI) e ex-funcionário de cargo mais alto da lista, fugiu para os Estados Unidos em 2018, alegando sofrer perseguição do MP.
A Odebrecht já foi condenada a pagar multas por corrupção em vários países, incluindo uma de US$ 2,6 bilhões aos governos de Brasil, Estados Unidos e Suíça.
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