Publicado 27/08/2023 13:27
As autoridades russas disseram neste domingo, 27, que testes genéticos confirmaram que Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, estava entre as dez pessoas mortas num acidente de avião na última quarta-feira, 23.
Os investigadores russos afirmaram que Prigozhin morreu na queda do jato Embraer de quarta-feira, um incidente que ocorreu dois meses depois de ele ter lançado um motim fracassado contra a liderança militar da Rússia e que autoridades dos EUA e ocidentais acreditam ter sido o resultado de uma explosão a bordo.
A agência de aviação russa já havia publicado os nomes de todas as 10 pessoas a bordo do jato particular, de fabricação da Embraer, que caiu na região de Tver, a noroeste de Moscou. Eles incluíam Prigozhin e Dmitry Utkin, seu braço direito que ajudou a fundar o grupo mercenário Wagner.
Svetlana Petrenko, porta-voz do comitê de investigação da Rússia, disse em comunicado publicado no aplicativo de mensagens Telegram no domingo que as identidades de todos os 10 mortos foram estabelecidas e que correspondiam às listadas no registro de voo.
"Como parte da investigação da queda do avião na região de Tver, os exames genéticos moleculares foram concluídos", disse o Comitê Investigativo da Rússia. "De acordo com os resultados, as identidades de todos os 10 mortos foram estabelecidas. Elas correspondem à lista constante da ficha de voo", afirmou.
O presidente Vladimir Putin descreveu esse motim como uma traiçoeira "facada nas costas", mas mais tarde encontrou-se com Prigozhin no Kremlin.
Morte de Prighozin e futuro do grupo Wagner
A morte do destacado líder do Grupo Wagner, da Rússia, lançou graves dúvidas em relação ao futuro da organização mercenária e reforçou a posição do presidente Vladimir Putin, dois meses depois de uma rebelião breve do Wagner ter deixado o líder russo mais enfraquecido do que em qualquer momento dos seus quase 25 anos de governo.
Yevgeni Prigozhin, líder do Wagner, morreu em um acidente de avião na quarta feira, ao lado do seu comandante operacional, Dmitri Utkin, e outros membros do alto escalão do grupo, quando a aeronave caiu misteriosamente na região russa de Tver, na prática decapitando uma força que tem combatentes mobilizados em boa parte da África e do Oriente Médio.
Os corpos dos mortos, incluindo os três tripulantes, foram transportados para uma unidade forense local em Tver para análise, e a polícia bloqueou o acesso ao local do acidente, perto do vilarejo de Kuzhenkino. Informes posteriores indicaram que material genético dos cadáveres foi levado a Moscou para a realização de testes.
O serviço de notícias de Prigozhin tem se mantido relativamente silencioso desde o breve motim promovido por ele em junho, no qual os combatentes dele ocuparam uma base militar no sul da Rússia e iniciaram uma marcha rumo a Moscou antes de um acordo negociado com a mediação do líder do Belarus, Alexander Lukashenko.
Prigozhin seguiu viajando entre Rússia e Belarus, onde suas forças estabeleceram uma base no exílio, e até para a África, surpreendendo membros da elite russa que esperavam um castigo rápido e decisivo para ele.
Investigação
Analistas ocidentais disseram que a causa do acidente pode nunca vir a ser conhecida, levando em consideração a falta de transparência e a natureza política das investigações criminais na Rússia.
Com alguns propagandistas do Kremlin emprenhados em transferir a responsabilidade para a Ucrânia, o presidente Volodmir Zelenski disse na quinta feira que Kiev nada teve a ver com o acidente, indicando que o responsável seria Putin. "Todos sabem quem está envolvido", disse ele.
A Rússia reforçou a segurança na quinta feira, com policiais batendo à porta de famílias de integrantes do Grupo Wagner e interrogando-os a respeito da possibilidade de uma nova rebelião, de acordo com o canal Baza, do Telegram, próximo às agências policiais russas. Em Rostov-no-Don, sul da Rússia, a guarda nacional e a polícia estavam em alerta, de acordo com a mídia local.
"Putin teria uma forte motivação para desejar a morte de Prigozhin", disse a analista russa Tatiana Stanovaya, que mora em Paris, enfatizando que ainda não se sabe ao certo o que ocorreu.
"Agora, Putin parece alguém que se livrou do inimigo", disse ela "Acho que o Kremlin não fará nenhum esforço para convencer o público do contrário."
Para muitos da elite russa, o desastre indicou a reafirmação do controle por parte do presidente e destacou as sombrias consequências da falta de lealdade em um estado cada vez mais autoritário, com um longo histórico de prisões, assassinatos e envenenamentos dos críticos e inimigos do presidente.
Muitos deles enxergavam como "lógica" a possibilidade de Putin se vingar de Prigozhin e removê-lo da cena, disse Stanovaya, conforme as lideranças do aparato russo de segurança, conhecidos como "siloviki", ou homens fortes, buscam esmagar quem desafiou Putin e questionou a guerra dele na Ucrânia.
"Os siloviki aprenderam a lição e entenderam que precisam agir mais energicamente", disse Stanovaya.
Testemunhas dos acontecimentos de quarta feira descreveram duas explosões antes do avião despencar do céu, de acordo com a mídia local. A cauda do avião foi separada da fuselagem e caiu a pouco menos de 2 quilômetros do local do acidente.
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