Segurança pública do Reino Unido é famosa por baixa ocorrência de confrontos armadosAdrian Dennis/AFP
Publicado 01/09/2023 11:34
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Algumas pessoas consideram programas de reconhecimento facial e Inteligência Artificial (IA) o futuro da luta contra o crime. Entretanto, a polícia britânica quer que as ferramentas sejam acompanhadas de métodos mais tradicionais, como os agentes chamados de "super identificadores".

Diferentes autoridades de todo o país têm utilizado agentes com uma memória excepcional para lembrar rostos e uma capacidade acima da média para identificar pessoas.

Apenas 1% da população possui este "superpoder", diz a especialista em vigilância da Polícia da Região do Vale do Tâmisa, Tina Wallace.

Sua equipe começou a recrutar especialistas em 2017 e agora conta com vinte em seu efetivo, como Alex Thorburn, policial há 17 anos.

Thorburn disse à AFP que sempre foi "boa em reconhecer rostos. Então, quando lançaram o anúncio sobre as provas", se candidatou.

"Me mostraram fotos, de 10 a 30 anos atrás, de dez pessoas. Tive que encontrá-las no meio da multidão de um centro comercial", descreveu ela. "Encontrei todas, mas eram bem diferentes do que pareciam nas fotos. Foi muito interessante".

A equipe trabalha com telões que usam imagens das câmeras de segurança - mas também é enviada a campo.

Para a coroação do rei Charles III, Thorburn foi enviada para o meio da multidão reunida no Castelo de Windsor, no oeste de Londres. Os agentes foram enviados para procurar pessoas autuadas por serem obcecadas pela família real.

"Eles nos mostraram um grande número de imagens para ver se eles estavam lá e (para ter certeza) que não causariam problemas. Mas, felizmente, não havia nenhuma", contou.

"É uma forma barata e eficaz de combater o crime", afirma Mike Neville, que criou a primeira equipe de "super identificadores" da Polícia Metropolitana de Londres.

Neville, aposentado, agora dirige a Super Recognizers International, uma agência de treinamento, consultoria e recrutamento que se autodenomina "líder mundial em reconhecimento humano".

Um policial, 180 identificados
Um dos maiores sucessos ocorreu em 2011, durante os violentos protestos desencadeados após a polícia de Londres matar um homem negro. Os agentes analisaram 200 mil horas de gravações.

O professor de psicologia aplicada da Universidade de Greenwich, Josh Davis, lembrou que "20 policiais identificaram 600 manifestantes de Londres". Um único policial, especialista em quadrilhas criminosas, reconheceu 180 pessoas através da análise das imagens.

A Polícia do Vale do Tâmisa é responsável por um território de 5.700 quilômetros quadrados a oeste e noroeste de Londres, com 2,34 milhões de habitantes. Em determinados momentos, desloca os seus "super identificadores" em bares e clubes de lazer para detectar criminosos sexuais conhecidos pela polícia.

"Usamos policiais à paisana e eles observam comportamentos específicos", diz Wallace, com 26 anos de experiência, em um centro de treinamento perto de Reading. "Quando vemos um comportamento predatório, chamamos a equipe uniformizada para que o detenha", explica.

"Dois em cada cinco homens que prendemos tinham condenações anteriores por estupro ou agressão sexual grave. Prendemos 520 em três anos", indicou Wallace.
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