Publicado 02/09/2023 19:04
A Fundação Nobel retirou neste sábado, 2, o convite feito aos representantes da Rússia, Belarus e Irã para assistirem às cerimônias de entrega do Prêmio Nobel deste ano. Anunciada um dia antes, a decisão de ter representantes dos três países provocou críticas à organização da premiação.
Deputados suecos disseram na sexta-feira, 1, que iriam boicotar as cerimônias de entrega deste ano na capital sueca, Estocolmo, depois de que fundação privada por trás dos prêmios ter mudado a sua posição em relação ao ano passado e ter convidado representantes dos três países a participar, dizendo que "promove oportunidades para transmitir as importantes mensagens do Prêmio Nobel a todos".
Alguns dos legisladores do país anfitrião citaram a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a repressão dos direitos humanos no Irã como razões para o seu boicote. A euro-deputada bielorrussa Sviatlana Tsikhanouskaia, da oposição, apelou à Fundação Nobel sueca e ao Comitê Nobel norueguês para que não convidem representantes do "regime ilegítimo" do Presidente Alexander Lukashenko para nenhum evento.
No sábado, ela parabenizou a mudança de decisão da Fundação Nobel e disse à Associated Press que se tratava de "um sinal claro de solidariedade em relação aos povos bielorrusso e ucraniano".
"É assim que demonstram o vosso compromisso com os princípios e valores do Nobel", afirmou Tsikhanouskaia.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleh Nikolenko, considerou a decisão uma "vitória do humanismo"
"Obrigado a todos os que exigiram que a justiça fosse restabelecida", escreveu no Facebook, acrescentando que "uma decisão semelhante" deveria ser tomada em relação à presença dos embaixadores da Rússia e da Belarus nas celebrações que terão lugar na Noruega, após a cerimônia na Suécia.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, que na sexta-feira disse que não teria permitido que os três países participassem nas cerimônias de entrega dos prêmios, também ficou satisfeito com a decisão.
As muitas e fortes reações mostram que toda a Suécia está inequivocamente ao lado da Ucrânia contra a terrível guerra de agressão da Rússia", afirmou na plataforma social X, anteriormente conhecida como Twitter.
A fundação disse no sábado que reconhecia "as fortes reações na Suécia, que ofuscaram completamente esta mensagem" e, por isso, decidiu não convidar os embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para a cerimônia de entrega do prêmio em Estocolmo.
No entanto, a Comissão Europeia afirmou que iria seguir a sua prática habitual e convidar todos os embaixadores para a cerimônia na capital norueguesa, Oslo, onde o Prêmio Nobel da Paz é atribuído.
O anúncio de sábado foi amplamente elogiado na Suécia pelos políticos. Segundo o jornal Aftonbladet, até a Casa Real sueca reagiu, com a porta-voz Margareta Thorgren afirmando: "consideramos positiva a alteração da decisão".
A porta-voz acrescentou que o Rei Carl XVI Gustaf planejava entregar os prêmios Nobel deste ano em cerimônias em Estocolmo como de costume.
Os vencedores do Prêmio Nobel deste ano serão anunciados no início de outubro. Os laureados serão então convidados a receber os seus prêmios em cerimônias em 10 de dezembro, o aniversário da morte do fundador do prêmio, Alfred Nobel, em 1896.
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