Publicado 08/09/2023 07:44 | Atualizado 08/09/2023 07:52
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarcou na China nesta sexta-feira, 8, em sua primeira viagem à nação asiática desde 2018, no momento em que Caracas busca apoio para superar a crise econômica.
A China mantém relações próximas com o governo de Maduro, isolado internacionalmente, e é um dos principais credores da Venezuela, cujo PIB registrou queda de 80% em uma década, consequência da crise.
Depois de pousar em Shenzhen (sul), sob chuva, Maduro afirmou que está preparado para "uma visita histórica para o fortalecimento dos laços de cooperação e a construção de uma nova geopolítica mundial", em vídeo publicado na rede social X (antes Twitter).
"Choverão boas notícias para o povo venezuelano", acrescentou.
Pequim deseja a visita, que prosseguirá até quinta-feira, 14, sirva para levar as relações entre os dois países a "uma nova era", declarou Mao Ning, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.
"A confiança política mútua entre os dois países está se tornando muito sólida e a cooperação em vários setores está em expansão contínua", destacou a porta-voz.
Maduro também visitará outros "países amigos", anunciou o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, sem revelar mais detalhes. A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, visitou Xangai e Pequim esta semana e se reuniu com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi.
"China e Venezuela construíram uma relação de ferro que não pode ser rompida, e a China apoia firmemente a Venezuela na defesa de sua independência nacional e dignidade nacional", disse Wang.
A visita tinha como objetivo conseguir novos investimentos da China para o setor de petróleo e discutir possíveis ações conjuntas entre empresas dos dois países, segundo a agência Bloomberg.
"Extraordinária reunião de trabalho com a qual fortalecemos nossas relações bilaterais, a ampliação da cooperação estratégica e do trabalho conjunto internacional, em favor da paz e do respeito aos princípios e propósitos da Carta da ONU", escreveu Rodríguez na rede X.
Nicolás Maduro Guerra, deputado e filho do presidente, que também viajou à China, informou que acompanhou Rodríguez em uma reunião com a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, que comanda o banco dos BRICS.
Esta será a oportunidade, segundo ele, de "ratificar a vontade da Venezuela de aderir" ao bloco de países emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A visita anterior de Maduro à China aconteceu em 2018, quando elogiou a visão do presidente Xi Jinping de um "destino comum para a humanidade". A viagem desta sexta-feira representa a 11ª visita do venezuelano ao gigante asiático.
Xi visitou o país latino-americano em 2014.
A visita de Maduro a China acontece no momento em que os líderes mundiais se reúnem na Índia para um encontro de cúpula do G20 na qual o presidente chinês estará ausente China emprestou 50 bilhões de dólares para a Venezuela na década de 2010, um valor que o país sul-americano se comprometeu a pagar com envios de petróleo.
Em 2018, ano em que Maduro venceu eleições que não foram reconhecidas por grande parte da comunidade internacional por supostas irregularidades, a dívida superava 20 bilhões de dólares.
No ano seguinte, o governo dos Estados Unidos e parte da comunidade internacional reconheceram Juan Guaidó, líder da oposição e que se autoproclamou presidente interino, movimento encerrando pela oposição venezuela em janeiro de 2023, por considerar que não cumpriu os objetivos de mudança política.
O atual governo dos EUA, de Joe Biden, insiste que não reconhece Maduro como presidente e prossegue com a maioria dos embargos. Na gestão passada, Donald Trump já havia aplicado várias sanções contra Caracas.
Washington, no entanto, aprovou no ano passado um projeto de petróleo da empresa americana Chevron e afirmou que está disposto a aliviar a pressão caso sejam alcançados acordos entre Maduro e a oposição para as eleições presidenciais previstas para 2024.
A Venezuela registrou crescimento em 2022, após oito anos seguidos de recessão. A recuperação foi impulsionada pela flexibilização dos controles econômicos rigorosos, cenário que levou a uma dolarização informal diante da fragilidade da moeda local, o bolívar, e à redução da inflação, embora o índice permaneça entre os mais elevados do mundo.
A economia venezuelana, no entanto, começou a registrar um processo de desaceleração no fim do ano passado. Maduro insiste que o PIB vai crescer mais de 5% em 2023, rebatendo as projeções de vários analistas.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.