Publicado 22/09/2023 09:53 | Atualizado 22/09/2023 10:36
Dezenas de organizações de ativistas indígenas travaram esta semana, em Nova York, uma nova batalha para proibir a exploração de combustíveis fósseis na Amazônia, como parte de uma tentativa global de aprovar um tratado internacional para proibir o petróleo e o gás, principais causadores do aquecimento global.
"Para os povos indígenas, a Amazônia é tudo, é a vida deles. Ela não apenas protege os indígenas, mas também o planeta", justificou a ativista indígena peruana Olivia Bisa, que lamentou que nenhum tratado contenha "regras para acabar com a exploração" de hidrocarbonetos e a mineração.
Além disso, é uma "grande mentira" que as empresas petrolíferas tragam desenvolvimento para as comunidades. "Nos 50 anos em que atuaram no Peru, não construíram uma única escola ou centro de saúde", disse ela à AFP.
Os vazamentos de petróleo, com a consequente contaminação de rios, alimentos e perda de biodiversidade, além do desmatamento, afetam diretamente grande parte dos 50 milhões de habitantes dessa região compartilhada por nove países, ainda mais crítica à medida que o mundo enfrenta uma crise climática sem precedentes.
"Não somos um obstáculo, queremos desenvolvimento, mas alternativas que não impactem o ecossistema do planeta", explicou Bisa à AFP, rejeitando a ideia de que proibir os hidrocarbonetos seja "um capricho dos povos indígenas". Isso diz respeito a todos, até mesmo aos "poderes que os financiam".
De acordo com a organização Oxfam, nos últimos 24 anos, foram registrados cerca de 600 vazamentos apenas na Amazônia peruana. O mau estado dos dutos e falhas na infraestrutura petrolífera são as principais causas, juntamente com sabotagens.
Localizadas principalmente na Amazônia andina (Bolívia, Colômbia, Peru, Equador), 43% das explorações estão em áreas protegidas e territórios indígenas, de acordo com dados da Rede Amazônica de Informação Socioambiental (Rasig).
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