Papa afirma que consumismo e individualidade da humanidade levou a crise climática no planetaDivulgação/Vatican Media
Publicado 03/10/2023 10:29
Publicidade
O papa Francisco publica, na quarta-feira, 4, a atualização do texto, com um balanço e sugestões de ações e relação a devastação da mudança climática provocada pelo homem. Movimento acontece oito anos depois de advertir sobre o problema pela primeira vez. 
O breve seguimento da encíclica "Laudato Si" (Louvado Seja) de 2015 é publicado pouco antes do início de uma nova rodada de negociações climáticas da ONU, que será em Dubai, em um contexto de advertências de que o mundo está longe de alcançar as metas de redução de emissões de carbono.
O novo texto, "Laudate Deum" (Louvado seja Deus), será "um olhar sobre o que aconteceu e dirá o que deve ser feito", disse Francisco, de 86 anos, que abre nesta quarta, no Vaticano, um sínodo para pensar sobre o futuro da Igreja Católica.
O documento original, de cerca de 200 páginas, foi dirigido a todos os habitantes do planeta com um chamado à ação global solidária para proteger "nosso lar comum".
Ponto de ruptura
Fundamentada na pesquisa climática, a "Laudato Si" afirma, claramente, que a humanidade é responsável pelo aquecimento global e adverte que o ritmo acelerado de mudança e degradação levou o mundo a um "ponto de ruptura".
Ao mesmo tempo, contém uma forte mensagem moral, por meio da qual Francisco culpa o consumismo, o individualismo e a busca do crescimento econômico por "espremer o planeta até secar". O pontífice também defende que os países ricos devem aceitar que são os maiores responsáveis pela crise climática e devem ajudar os países mais pobres.
O documento gerou um debate sem precedentes para um texto religioso, com comentários em publicações científicas.
Meses depois, houve um avanço nas negociações climáticas em Paris. Quase todos os países se comprometeram a limitar o aquecimento a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais. Segundo especialistas, o Vaticano teve um papel significativo nos bastidores.
Em setembro, porém, a ONU alertou que o mundo está longe de atingir essas metas. O novo texto será mais curto do que a tese de 2015, e seu formato, uma exortação apostólica, em vez de uma encíclica, tem menos peso na teologia católica.
Mundo e Igreja em crise
O professor Ottmar Edenhofer, chefe do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático e assessor da "Laudato Si", considera difícil que o novo documento tenha a mesma influência.
O texto original "mudou o jogo", disse Edenhoger à AFP, e transformou a mudança climática em um tema real na Igreja Católica, além de gerar debate na comunidade científica. Para o professor, no entanto, a influência do papa não é a mesma de antes.
"A autoridade moral da Igreja Católica diminuiu significativamente nos últimos oito anos, e uma das razões é a crise dos abusos sexuais", explicou.
Em 2015, Francisco estava no cargo há apenas dois anos e "era visto como um grande líder moral". Atualmente, completa o especialista, "o mundo está em crise", e "a Igreja está em crise".
Publicidade
Leia mais