Fernando Botero morreu aos 91 anosRaul Arboleda/AFP
Publicado 07/10/2023 16:59
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O pintor e escultor colombiano Fernando Botero, um dos artistas latino-americanos mais importantes do século XX, foi enterrado, neste sábado (7), em Pietrasanta, cidade da região italiana da Toscana, onde morou por várias décadas com sua esposa, falecida em maio.

Botero morreu de pneumonia em 15 de setembro, aos 91 anos. Seus restos mortais foram primeiro levados à Colômbia para que seus compatriotas pudessem prestar sua última homenagem, sobretudo na capital, Bogotá, e em Medellín, sua cidade natal.

Mas o artista colombiano quis ser enterrado na pequena cidade de Pietrasanta, a 30 km de Pisa (norte da Itália), conhecida como "a pequena Atenas" por suas pedreiras de mármore, fundições e escultores.

Botero é autor de cerca de 300 esculturas e 3.000 pinturas, marcadas por seu inconfundível estilo de figuras volumosas e robustas.

Nesta cidade é possível ver algumas de suas obras, como "A porta do Paraíso" e "A porta do inferno", na igreja da Misericórdia, onde suas cinzas foram expostas desde a quinta-feira até os funerais, neste sábado.

As cinzas do artista foram levadas da igreja até a catedral de San Martino de Pietrasanta para o funeral, em um cortejo acompanhado por uma orquestra local.

Durante a cerimônia, houve discursos do prefeito da cidade, da embaixadora colombiana na Itália, Ligia Margarita Quessep Bitar, e de alguns de seus amigos, assim como de sua filha, Lina Botero.

"Concedemos-lhe a cidadania em sinal de agradecimento porque a merecia realmente", disse à AFP, antes da cerimônia, o prefeito Alberto Giovannnetti. "Sempre amou Pietrasanta e Pietrasanta também soube recebê-lo e abrir-lhe as portas".

Adolfo Agolini, dono da fundição Mariani e amigo de Botero, explicou que o conheceu no começo de 1976. "Chegou com (sua esposa) Sophia Vari (...) Começamos a colaborar e esta colaboração durou até hoje".

Local de repouso eterno
As cinzas de Botero foram colocadas à frente do altar da catedral, entre flores brancas e junto a um grande retrato seu. Seus três filhos, Fernando Botero Zea, Lina Botero e Juan Carlos Botero, sentaram-se na primeira fila.

"Este país sempre foi muito importante para o meu pai (...) Estamos muito felizes que tenha escolhido Pietrasanta como seu local de repouso eterno", disse Lina Botero à AFPTV.

"Trabalhou aqui por mais de 40 anos, fez suas esculturas aqui, graças ao trabalho das fundições, dos ateliês de mármore com os quais trabalhou, assim como os artesãos, aos quais admirava tanto pelo talento e respeitava", acrescentou.

Após a cerimônia, as cinzas de Botero foram enterradas na área do cemitério reservada aos cidadãos ilustres de Pietrasanta.

As obras de Botero se tornaram populares em todo o mundo, e podem ser vistas em museus e espaços públicos de cidades como Bogotá, Madri, Paris, Barcelona, Singapura e Veneza.

O artista afirmava que as exposições em espaços públicos são uma "forma revolucionária" de aproximar a arte do povo.

Algumas de suas peças foram leiloadas por quantias que chegaram aos 4,3 milhões de dólares (aproximadamente 22 milhões de reais, na cotação atual).
Artista era reconhecido pela generosidade
Botero foi um dos artistas da América Latina mais reconhecidos no mundo, que defendeu ao longo de sua excepcional carreira a arte da generosidade através de suas obras.

"Penso com frequência sobre a morte e lamento deixar este mundo e não poder mais trabalhar porque tenho grande prazer trabalhando", afirmou em entrevista à quando completou 80 anos.
Botero nasceu em 19 de abril de 1932 em Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, localizada nos Andes do noroeste do país. Filho de um modesto trabalhador do comércio, iniciou na arte precocemente e contra a vontade da família. Aos 15 anos, vendia desenhos com temas de touradas na entrada da Plaza de Toros La Macarena.

"Quando comecei, era uma profissão incomum na Colômbia. Não era aceita e não tinha nenhuma perspectiva. Quando disse à minha família que iria me dedicar à pintura responderam: 'Bom, está bem, mas não vamos apoiá-lo'. Felizmente, fiz assim mesmo", contou.
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