No Brasil, sua obra começou a ser publicada no país depois do NobelReprodução: redes sociais
Publicado 15/10/2023 08:34 | Atualizado 15/10/2023 12:02
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A ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura Louise Glück, uma poeta inabalavelmente franca e perspicaz que entrelaçou alusões clássicas, devaneios filosóficos, memórias agridoces e comentários humorísticos em retratos indeléveis de um mundo decaído e desolador, morreu aos 80 anos na última na sexta-feira, 13. 
A morte de Glück foi confirmada por Jonathan Galassi, seu editor na Farrar, Straus & Giroux. Ela morreu em sua casa, em Massachusetts, em decorrência de um câncer diagnosticado poucos dias antes, segundo a poeta, e ex-aluna de Glück, Jorie Graham.

Ao longo de uma carreira de mais de 60 anos, a autora construiu uma narrativa de trauma, desilusão, estagnação e anseio, pontuada por momentos — mas apenas momentos — de êxtase e contentamento.

Quando ela recebeu o Prêmio Nobel em 2020 — e se tornou a primeira poeta americana a recebê-lo desde T.S. Eliot, em 1948 — , o júri elogiou "sua inconfundível voz poética que, com beleza austera, torna universal a existência individual".

Os poemas de Glück são geralmente breves, com uma página ou menos, e exemplos de seu apego ao "não dito, à sugestão, ao silêncio eloquente e deliberado".
Para Glück, que era influenciada por Shakespeare, mitologia grega e pelo próprio Eliot, entre outros, a vida era, de certa forma, um romance conturbado, destinado à infelicidade, mas significativo porque a dor é uma condição natural e preferível ao que ela supunha que viria depois. "A vantagem da poesia sobre a vida é que a poesia, se for suficientemente afiada, pode durar", escreveu ela certa vez.

Em seu poema Summer, a narradora se volta para o marido e relembra "os dias de nossa primeira felicidade", quando tudo parecia ter "amadurecido". Mas então "os círculos se fecharam. Pouco a pouco, as noites ficaram mais frias".

Glück publicou mais de uma dúzia de livros de poesia, além de ensaios e uma pequena fábula em prosa, Marigold and Rose. Ele se inspirou em tudo, desde o tricô de Penélope em A Odisseia até o complexo esportivo de Meadowlands.

Em 1993, ele ganhou o Pulitzer por The Wild Iris. Outros títulos incluem as coletâneas The Seven Ages, The Triumph of Achilles, Vita Nova e a aclamada antologia Poemas (2006-2014). Ganhou ainda outros importantes prêmios, como o National Book Award e a Medalha Nacional de Humanidades.

Glück foi casada e se divorciou duas vezes. Com seu segundo marido, John Darnow, teve o filho Noah. Além de dedicar sua vida à poesia, Louise Glück foi professora em diversos lugares, como a Universidade Stanford e a Universidade Yale, e considerava suas experiências na sala de aula não como uma distração de sua poesia, mas como uma "receia para a letargia".

No Brasil, sua obra começou a ser publicada no país depois do Nobel. Foram lançados, aqui, os livros Receitas de Inverno da Comunidade, traduzido por Heloisa Jahn (1947-2022), e a coletânea Poemas (2006-2014), traduzida por Jahn e pelas poetas Marília Garcia e Bruna Beber.
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