Publicado 02/11/2023 12:37
As autoridades penitenciárias do Irã impediram a transferência da Prêmio Nobel da Paz 2023 Narges Mohammadi ao hospital para receber atendimento médico urgente, denunciou sua família. Mohammadi está detida por ter se recusado a usar o hijab, o véu islâmico obrigatório.
A ativista, de 51 anos, atualmente detida na prisão de Evin, em Teerã, recebeu o prêmio em outubro "por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã", depois de uma onda de protestos sacudir o Irã após a morte, sob custódia, em setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma curda de 22 anos, detida por desrespeitar, supostamente, o estrito código de vestimenta da República Islâmica.
Mohammadi anunciou posteriormente que não usaria sob nenhuma circunstância o hijab, véu obrigatório para as mulheres em espaços públicos desde a Revolução Islâmica de 1979.
As autoridades penitenciárias responderam, negando-se a transferir Mohammadi, que tem problemas cardíacos e pulmonares, para um hospital fora da prisão, informou sua família em um comunicado, alertando que sua saúde e vida correm risco.
"Durante dois dias e duas noites, um grupo de mulheres em Evin protestou no pátio da prisão para mandar Narges Mohammadi ao hospital do coração", escreveram em sua conta oficial no Instagram na quarta-feira.
"O diretor da prisão anunciou que, segundo ordens de autoridades superiores, era proibido levá-la ao hospital sem o véu, e sua transferência foi cancelada", acrescentou a família.
Na segunda-feira, uma equipe médica examinou Mohammadi e a submeteu a um ecocardiograma depois que "a prisão se negou, inclusive, a transferir Narges para a enfermaria" sem o véu, informou o comunicado.
Um exame de imagem mostrou duas veias com grandes obstruções e pressão pulmonar elevada, razão pela qual ela precisa urgentemente de uma angiografia coronariana e um escâner pulmonar.
"Está disposta a arriscar sua vida por não usar o 'hijab forçado', incluso para se tratar", disse a família.
Em mensagem de agradecimento ao prêmio, lido por sua filha e difundido na página web oficial do Nobel na terça, Mohammadi descreve o hijab obrigatório como "a principal fonte de dominação e repressão na sociedade, com o fim de manter e perpetuar um governo religioso autoritário".
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