Publicado 07/11/2023 16:58
Os presidentes do Parlamento bicameral da França convocaram, nesta terça-feira (7), uma "grande marcha" para o próximo domingo contra o antissemitismo, em meio ao recrudescimento desses atos após o início da guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas.
A presidente da Assembleia Nacional (Câmara), Yaël Braun-Pivet, e seu par do Senado, Gérard Larcher, urgiram "enviar uma mensagem clara de que a França não aceita o antissemitismo [...] nem vai se resignar nunca a um destino de ódios".
Desde o ataque do Hamas em solo israelense em 7 de outubro, que matou mais de 1.400 pessoas, entre elas mais de 1.100 civis, segundo Israel, foram registrados mais de 1.000 atos antissemitas na França, indicou o governo francês no domingo.
"Duas vezes mais que durante todo o ano de 2022", alertaram ambos os líderes parlamentares em uma coluna conjunta publicada no jornal Le Figaro, na qual também reivindicam a libertação de "oito" franceses que estariam sendo mantidos como reféns pelo Hamas.
Em um dos casos mais midiáticos, a Promotoria de Paris indicou hoje que investiga se o aparecimento de cerca de 60 estrelas de Davi na região de Paris foi responsabilidade "de uma pessoa residente no exterior" como "demonstraria uma conversa em russo" nos celulares de dois detidos.
A França é lar das maiores comunidades judaica e árabe-muçulmana da Europa e, no passado, já foi sacudida pelas repercussões do conflito no Oriente Médio. O ataque do Hamas e a resposta militar de Israel recrudesceram a tensão.
Os bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza em retaliação ao ataque de 7 de outubro deixaram, desde então, mais de 10.000 mortos - a maioria civis e, entre os quais, há mais de 4.000 crianças -, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Uma viagem de Braun-Pivet a Israel no fim de outubro, quando ela defendeu que "nada deve impedir" este país "de se defender" na guerra contra o Hamas, causou indignação na oposição de esquerda, que denunciou um "apoio incondicional" em meio aos bombardeios em Gaza.
Não obstante, as críticas se concentram, sobretudo, no líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon e seu partido, França Insubmissa (LFI), por uma suposta conivência com o Hamas devido à recusa em classificar o grupo como "terrorista", apesar de terem condenado o ataque do dia 7 de outubro.
O LFI ainda não tomou uma decisão sobre se vai participar da marcha contra o antissemitismo por causa da presença confirmada do partido de extrema direita Regrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, disse ao veículo France Info o deputado da esquerda radical Manuel Bompard.
O partido do presidente Emmanuel Macron, Renascimento, confirmou sua participação, mas seu secretário-geral, Stéphane Séjourné, pediu na rede social X que não deveriam ser colocados ao lado do partido de Le Pen, "fundado por antissemitas".
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