Publicado 16/11/2023 10:40
Um grupo de jovens israelenses no Chipre canta alto, ri e grita de alegria ao ver um arco-íris. Mas o que os levou até lá foi um trauma avassalador.
"Parecemos felizes, mas por dentro não estamos", admite Tamar, de 23 anos, sobrevivente dos ataques do Hamas em 7 de outubro, com a mão no coração enquanto tenta encontrar as palavras certas.
É difícil contar a sua história, reconhece a jovem, "porque o resto das pessoas não consegue entendê-la".
Esta profissional do marketing, que prefere não revelar o nome completo, participa com outros compatriotas de um programa nesta ilha mediterrânea para ajudá-los a superar os traumas que enfrentaram.
Eles sobreviveram ao ataque do Hamas ao festival de música Supernova, onde milicianos islamistas mataram mais de 270 pessoas como parte de uma incursão no sul de Israel que deixou 1.200 mortos, segundo as autoridades israelenses.
Os participantes do festival foram levados para o Chipre por Yoni Kahana, de 35 anos, proprietário do resort Secret Forest nas montanhas perto da cidade de Paphos, onde lançou um programa de tratamento gratuito com a ajuda da IsraAID, uma importante ONG israelense.
"A principal vantagem é o silêncio", diz Tal Nehushtai, de 29 anos, à AFP. "Ninguém fala sobre guerra aqui, é pura cura ao mais alto nível".
A tranquilidade das montanhas cipriotas contrasta fortemente com a situação em Gaza, a apenas 400 quilômetros de distância, onde a retaliação israelense para "aniquilar" o Hamas já matou mais de 11.500 pessoas, a maioria civis, segundo o governo do movimento islamista que controla o território.
Os jovens israelenses tentam deixar seus traumas de lado, ainda que brevemente.
Celebrar a vida
"Parecemos felizes, mas por dentro não estamos", admite Tamar, de 23 anos, sobrevivente dos ataques do Hamas em 7 de outubro, com a mão no coração enquanto tenta encontrar as palavras certas.
É difícil contar a sua história, reconhece a jovem, "porque o resto das pessoas não consegue entendê-la".
Esta profissional do marketing, que prefere não revelar o nome completo, participa com outros compatriotas de um programa nesta ilha mediterrânea para ajudá-los a superar os traumas que enfrentaram.
Eles sobreviveram ao ataque do Hamas ao festival de música Supernova, onde milicianos islamistas mataram mais de 270 pessoas como parte de uma incursão no sul de Israel que deixou 1.200 mortos, segundo as autoridades israelenses.
Os participantes do festival foram levados para o Chipre por Yoni Kahana, de 35 anos, proprietário do resort Secret Forest nas montanhas perto da cidade de Paphos, onde lançou um programa de tratamento gratuito com a ajuda da IsraAID, uma importante ONG israelense.
"A principal vantagem é o silêncio", diz Tal Nehushtai, de 29 anos, à AFP. "Ninguém fala sobre guerra aqui, é pura cura ao mais alto nível".
A tranquilidade das montanhas cipriotas contrasta fortemente com a situação em Gaza, a apenas 400 quilômetros de distância, onde a retaliação israelense para "aniquilar" o Hamas já matou mais de 11.500 pessoas, a maioria civis, segundo o governo do movimento islamista que controla o território.
Os jovens israelenses tentam deixar seus traumas de lado, ainda que brevemente.
Celebrar a vida
Cada grupo de 50 sobreviventes passa cinco dias no resort. Kahana explica que há 1.400 inscritos e que 200 já foram beneficiados pelo programa.
Eles recebem sessões de terapia individuais e em grupo, além de tratamentos alternativos como exercícios de meditação inspirados na tradição judaica, yoga e oficinas de artesanato. Os participantes também podem passar por tratamentos contra a dependência.
Os terapeutas do programa explicaram à AFP que muitos participantes do festival estavam sob efeito de drogas durante o ataque. Alguns sofrem agora de dependência dos narcóticos.
Para muitos sobreviventes, passar tempo com pessoas que viveram a mesma experiência é uma grande ajuda.
Na noite de segunda-feira, o grupo organizou uma festa no porão do hotel até a manhã seguinte, como fizeram no dia 7 de outubro.
"Gostamos de dançar, sentir esse amor, essa felicidade, celebrar a vida", diz Lior Auvgang, um jovem de 26 anos.
Auvgang conta que foi um dos primeiros a perceber que o festival Supernova, perto da Faixa de Gaza, estava sob ataque. Ele lembra que, ao ir ao banheiro, viu uma grande quantidade de foguetes. Ex-enfermeiro militar, ele passou mais de duas horas ajudando a cuidar dos feridos.
A presença de homens armados do Hamas obrigou-o a fugir para uma floresta e a esconder-se durante sete horas, durante as quais teve tempo de enviar uma mensagem de despedida à sua mãe. Dois dos seus amigos morreram no ataque e outros dois foram sequestrados e levados para Gaza.
Ataques de pânico
Eles recebem sessões de terapia individuais e em grupo, além de tratamentos alternativos como exercícios de meditação inspirados na tradição judaica, yoga e oficinas de artesanato. Os participantes também podem passar por tratamentos contra a dependência.
Os terapeutas do programa explicaram à AFP que muitos participantes do festival estavam sob efeito de drogas durante o ataque. Alguns sofrem agora de dependência dos narcóticos.
Para muitos sobreviventes, passar tempo com pessoas que viveram a mesma experiência é uma grande ajuda.
Na noite de segunda-feira, o grupo organizou uma festa no porão do hotel até a manhã seguinte, como fizeram no dia 7 de outubro.
"Gostamos de dançar, sentir esse amor, essa felicidade, celebrar a vida", diz Lior Auvgang, um jovem de 26 anos.
Auvgang conta que foi um dos primeiros a perceber que o festival Supernova, perto da Faixa de Gaza, estava sob ataque. Ele lembra que, ao ir ao banheiro, viu uma grande quantidade de foguetes. Ex-enfermeiro militar, ele passou mais de duas horas ajudando a cuidar dos feridos.
A presença de homens armados do Hamas obrigou-o a fugir para uma floresta e a esconder-se durante sete horas, durante as quais teve tempo de enviar uma mensagem de despedida à sua mãe. Dois dos seus amigos morreram no ataque e outros dois foram sequestrados e levados para Gaza.
Ataques de pânico
Embora alguns estejam dispostos a conversar, outros permanecem traumatizados e andam pelo hotel com cobertores para se protegerem do frio. As conversas e os passeios são frequentemente interrompidos por abraços longos e emotivos.
Nehushtai, trabalhador agrícola e tatuador, é um dos mais falantes. Ele conta sobre sua fuga para evitar os milicianos do Hamas e suas balas, como teve que se esconder durante seis horas para escapar do massacre.
Quando os homens do Hamas encontraram o seu carro e começaram a procurá-lo entre as árvores, ele pensou, assim como os seus amigos, que a sua morte era iminente.
"Vimos suas pernas e seus rostos. Se movêssemos a cabeça, eles nos ouviriam, então apenas os segui com os olhos", diz à AFP. "Foi um milagre" que eles não os tenham visto, afirma.
Apesar da experiência horrível, muitos sobreviventes retomaram suas vidas pouco depois.
Tamar conta à AFP que depois de uma semana confinada em sua casa, ela se apresentou como reservista da defesa aérea para ajudar a manejar o sistema antimísseis Cúpula de Ferro, que protege Israel dos foguetes do Hamas.
Ela diz que isso a ajudou a sentir que estava recuperando o controle depois de fugir, desprotegida, dos disparos do Hamas. Mas quando fez exercícios com armas de fogo, os tiros causaram um ataque de pânico.
Nehushtai, trabalhador agrícola e tatuador, é um dos mais falantes. Ele conta sobre sua fuga para evitar os milicianos do Hamas e suas balas, como teve que se esconder durante seis horas para escapar do massacre.
Quando os homens do Hamas encontraram o seu carro e começaram a procurá-lo entre as árvores, ele pensou, assim como os seus amigos, que a sua morte era iminente.
"Vimos suas pernas e seus rostos. Se movêssemos a cabeça, eles nos ouviriam, então apenas os segui com os olhos", diz à AFP. "Foi um milagre" que eles não os tenham visto, afirma.
Apesar da experiência horrível, muitos sobreviventes retomaram suas vidas pouco depois.
Tamar conta à AFP que depois de uma semana confinada em sua casa, ela se apresentou como reservista da defesa aérea para ajudar a manejar o sistema antimísseis Cúpula de Ferro, que protege Israel dos foguetes do Hamas.
Ela diz que isso a ajudou a sentir que estava recuperando o controle depois de fugir, desprotegida, dos disparos do Hamas. Mas quando fez exercícios com armas de fogo, os tiros causaram um ataque de pânico.
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