Publicado 24/11/2023 08:34
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, vai aos poucos deixando para trás o discurso de candidato e adotando uma retórica mais moderada. Nesta quinta, 23, ele agradeceu a mensagem do líder chinês, Xi Jinping, que o felicitou pela vitória na eleição de domingo, e disse que Luiz Inácio Lula da Silva seria bem-vindo na cerimônia de posse, no dia 10.
Lula e Xi foram alvos preferenciais de Milei durante a campanha. O libertário chegou a dizer que não faria comércio com os chineses, dizendo que Xi era um "assassino". Lula foi chamado de "comunista" e "ladrão". O problema é que China e Brasil são os maiores parceiros comerciais da Argentina.
Em 2022, a China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina e o governo de Xi aceitou receber em yuans pelos produtos exportados para os argentinos, que preservariam suas reservas em dólar. O comércio bilateral com o Brasil chegou a US$ 28,4 bilhões no ano passado, sendo que os brasileiros são responsáveis por 14% das exportações da Argentina.
Mudança
"Se Lula vier (à posse), será bem-vindo", disse Milei, em entrevista ao canal Todo Noticias. "Ele é o presidente do Brasil ". A declaração acompanha falas da futura chanceler de Milei, Diana Mondino. Ela afirmou que gostaria que Lula estivesse na cerimônia e disse que ele seria convidado.
O Itamaraty não comentou a mudança de tom do presidente eleito da Argentina, mas ministros de Lula descartam a possibilidade de o presidente participar da posse, especialmente em razão da presença de Jair Bolsonaro, convidado por Milei, que levará um comitiva recheada de aliados.
A menos de três semanas da cerimônia, Milei também vem desmontando os obstáculos que armou durante a campanha com relação à China. Ontem, ele respondeu em tom conciliatória a uma mensagem enviada por Xi, que expressava disposição em trabalhar com a Argentina.
No X (ex-Twitter), o presidente eleito publicou uma imagem da tradução da carta. "Agradeço ao presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou", escreveu Milei. "Envio-lhes os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China."
A partir do dia 10, quando toma posse, Milei terá de tomar algumas decisões importantes de política externa, uma delas é o grau de envolvimento da Argentina com o Mercosul. Três dias antes da cerimônia, no dia 7, Lula passará a presidência rotativa do bloco para o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
'Estorvo'
Crítico contumaz do bloco, Milei chamou o Mercosul de "estorvo" e sugeriu a possibilidade de retirar a Argentina. "O Mercosul é uma união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica todos os seus membros", disse o então candidato libertário. O risco fez diplomatas brasileiros e europeus acelerarem a aprovação de um tratado de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. Não se sabe ainda se eles conseguirão concluir o acordo antes da posse.
Outra decisão será o que fazer com o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto aprovou a entrada de outros seis membros - incluindo a Argentina. Durante a campanha, Milei desprezou o bloco de países emergentes. "Nosso alinhamento geopolítico é com EUA e Israel", afirmou. Resta saber se ele manterá sua posição depois de assumir o poder.
Lula e Xi foram alvos preferenciais de Milei durante a campanha. O libertário chegou a dizer que não faria comércio com os chineses, dizendo que Xi era um "assassino". Lula foi chamado de "comunista" e "ladrão". O problema é que China e Brasil são os maiores parceiros comerciais da Argentina.
Em 2022, a China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina e o governo de Xi aceitou receber em yuans pelos produtos exportados para os argentinos, que preservariam suas reservas em dólar. O comércio bilateral com o Brasil chegou a US$ 28,4 bilhões no ano passado, sendo que os brasileiros são responsáveis por 14% das exportações da Argentina.
Mudança
"Se Lula vier (à posse), será bem-vindo", disse Milei, em entrevista ao canal Todo Noticias. "Ele é o presidente do Brasil ". A declaração acompanha falas da futura chanceler de Milei, Diana Mondino. Ela afirmou que gostaria que Lula estivesse na cerimônia e disse que ele seria convidado.
O Itamaraty não comentou a mudança de tom do presidente eleito da Argentina, mas ministros de Lula descartam a possibilidade de o presidente participar da posse, especialmente em razão da presença de Jair Bolsonaro, convidado por Milei, que levará um comitiva recheada de aliados.
A menos de três semanas da cerimônia, Milei também vem desmontando os obstáculos que armou durante a campanha com relação à China. Ontem, ele respondeu em tom conciliatória a uma mensagem enviada por Xi, que expressava disposição em trabalhar com a Argentina.
No X (ex-Twitter), o presidente eleito publicou uma imagem da tradução da carta. "Agradeço ao presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou", escreveu Milei. "Envio-lhes os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China."
A partir do dia 10, quando toma posse, Milei terá de tomar algumas decisões importantes de política externa, uma delas é o grau de envolvimento da Argentina com o Mercosul. Três dias antes da cerimônia, no dia 7, Lula passará a presidência rotativa do bloco para o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
'Estorvo'
Crítico contumaz do bloco, Milei chamou o Mercosul de "estorvo" e sugeriu a possibilidade de retirar a Argentina. "O Mercosul é uma união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica todos os seus membros", disse o então candidato libertário. O risco fez diplomatas brasileiros e europeus acelerarem a aprovação de um tratado de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. Não se sabe ainda se eles conseguirão concluir o acordo antes da posse.
Outra decisão será o que fazer com o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto aprovou a entrada de outros seis membros - incluindo a Argentina. Durante a campanha, Milei desprezou o bloco de países emergentes. "Nosso alinhamento geopolítico é com EUA e Israel", afirmou. Resta saber se ele manterá sua posição depois de assumir o poder.
*Com agências internacionais
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