Jovem britânico desaparecido há seis anos na Espanha e encontrado na França será repatriadoReprodução
Publicado 15/12/2023 17:08 | Atualizado 15/12/2023 17:09
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Um jovem britânico de 17 anos encontrado na França seis anos após seu desaparecimento na Espanha irá retornar neste fim de semana à Inglaterra para a casa de sua avó, que tem sua guarda. Alex Batty, natural da cidade inglesa de Oldham (norte), foi encontrado esta semana por um entregador de farmácia em uma área montanhosa do sul da França. Autoridades da polícia francesa e britânica confirmaram sua identidade.

A polícia suspeita que sua mãe e avô o sequestraram em 2017, quando ele tinha 11 anos, sob o pretexto de férias na Espanha, para depois viver em comunidades espanholas de estilo de vida alternativo e nos Pirineus franceses.

O jovem será devolvido à sua avó materna amanhã (sábado) ou depois de amanhã (domingo) o mais tardar", disse nesta sexta-feira o promotor adjunto de Toulouse (sul), Antoine Leroy, que manteve contato com a embaixada do Reino Unido na França para organizar a repatriação.

A última vez que se teve notícias de Alex Batty foi na Espanha, em 8 de outubro de 2017, o dia em que se esperava que ele, sua mãe, Melanie Batty, e seu avô, David Batty, voltassem para casa após as férias familiares.

Os trabalhos de busca, junto às autoridades espanholas, não permitiram localizá-los à época.

Espanha, Marrocos, França
A avó do jovem, Susan Caruana, acreditava que a criança havia sido levada pela mãe e o avô para viver em uma comunidade espiritual com um estilo de vida alternativo, sem uma educação tradicional.

"Eles não queriam que ele fosse à escola. Não acreditam na escola convencional", disse Caruana ao jornal The Times. "Conversei com ele esta tarde e sem dúvida é ele. Ele falava como uma criança quando estava conosco e agora conversei com um homem", destacou.

"É bastante incrível quando não se sabe se alguém está vivo ou morto", acrescentou.

O "périplo" de Alex Batty, sua mãe e seu avô os levou para Espanha, Marrocos e finalmente para França, onde haviam se deslocado pela parte oriental dos Pirineus franceses, segundo Leroy.

Durante seis anos, dois na França, viveu uma vida "nômade" em meio a uma comunidade "espiritual", permanecendo apenas alguns meses em cada lugar, descreveu o representante do Ministério Público.

Apesar de o jovem não ter relatado nenhuma violência física aos investigadores durante esses anos, "indicou ter sofrido agressões sexuais quando era pequeno", quando tinha "cinco ou seis anos (...) no seio de sua família, sem dizer mais", acrescentou.

O jovem, descrito pelo promotor como alguém de "inteligência viva e muito tranquilo", decidiu escapar quando sua mãe anunciou sua intenção de ir para a Finlândia, onde se encontraria "agora", sem o avô, que morreu há seis meses.

'Sua mãe o sequestrou'
Alex Batty, que não fala francês, caminhou durante quatro noites em direção a Toulouse, antes de ser encontrado às 3h da madrugada de quarta-feira por um entregador que o levou à delegacia de Saint-Félix-Lauragais, segundo o promotor.

O jovem entregador Fabien Accidini explicou ao jornal regional francês La Dépêche du Mid que chovia muito quando o abrigou em seu carro e ele contou a sua história.

"Disse que sua mãe o sequestrou quando tinha 12 anos (...) Desde então, havia vivido na Espanha em uma casa de luxo com cerca de dez pessoas. Havia chegado à França em 2021" explicou o estudante.

Batty havia vivido com sua mãe em uma "comunidade espiritual" na França e não tinha "nenhuma animosidade com ela, mas queria voltar a viver com sua avó", acrescentou.

A polícia britânica reconheceu que alguns aspectos do caso seguem sem estar claros.

"Ainda nos resta trabalho a fazer para estabelecer todas as circunstâncias em torno de seu desaparecimento", assegurou o delegado assistente Chris Sykes, da polícia de Manchester.
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