Presidente da Argentina, Javier MileiAFP
Publicado 20/12/2023 09:05 | Atualizado 20/12/2023 09:15
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Os argentinos irão às ruas nesta quarta-feira, 20, para protestar contra o governo do presidente recém-empossado Javier Milei. A concentração foi marcada para às 10h, por organizações de esquerda e sindicalistas, mas o ato principal, que deve ser uma caminhada da região do prédio do Congresso até a Praça de Maio, deve acontecer por volta de 16h.
O duro plano de Milei contra as manifestações de rua será posto à prova hoje. Para tentar esvaziar as manifestações, o governo do novo presidente — conhecido como El Loco — baixou um decreto para tentar impedir que as pessoas obstruem as ruas, além de ameaçar cortar benefícios sociais de quem for pego fazendo piquetes nas vias.
O anúncio, feito por meio de uma mensagem gravada pela ministra de Capital Humano, Sandra Pettovello, ocorreu dois dias antes de uma convocação nacional para os protestos, data que relembra o massacre da Plaza de Mayo e que este ano protestaria contra as medidas econômicas do novo governo.
"Manifestar é um direito, mas circular também é", disse Pettovello. A ministra, que comanda uma pasta que aglutinou os ministérios do Trabalho, Desenvolvimento Social, Educação e Cultura, se dirigiu a mães e pessoas pobres que recebem auxílios sociais, dizendo que não precisam se preocupar com supostas ameaças de corte dos auxílios caso não compareçam aos protestos.
O vídeo, que tem duração de menos de três minutos, foi adiantado pelo porta-voz da presidente, Manuel Adorni, em sua habitual conferência de imprensa após a reunião de Gabinete: "O anúncio será feito com a precisão de não bloquear as ruas e de que ninguém que não precise receber um benefício do Estado será beneficiado".

Segundo ele, os potenciais beneficiários presentes nos protestos serão identificados por meio de câmeras de reconhecimento facial. Na imprensa argentina se especula que a medida fará aumentar o número de manifestantes encapuzados.
Na última quinta-feira, 14, a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, divulgou um protocolo de segurança que visa impedir bloqueios de ruas, vias e pontes em manifestações na cidade de Buenos Aires, epicentro dos grandes protestos na Argentina. Ambos os anúncios fazem parte da política de "quem faz, paga" que Milei veio repetindo durante toda a campanha.

O anúncio de Pettovello ocorreu antes do aniversário de 20 de dezembro de 2001, em que movimentos sociais anunciaram dias atrás uma grande manifestação na Plaza de Mayo, onde protestarão contra as medidas econômicas anunciadas pelo ministro da Economia, Luís "Totó" Caputo na semana passada.
Na mesma data, há 22 anos, ocorreu a queda do governo de Fernando de la Rúa e foram registrados 39 assassinatos em todo o país.

Entre os principais benefícios sociais na Argentina estão a Asignación Universal por Hijo (programa semelhante ao Bolsa Família brasileiro) e o cartão alimentação. Ambos passaram por reajustes de valores no pacote de Caputo, com a AUH dobrando e o cartão alimentação recebendo um incremento de metade de seu valor atual. As duas únicas medidas do novo governo que visam conter o choque que será a inflação dos próximos meses diante da política de ajuste.

O protesto, que tem como foco o plano econômico de Caputo, mas principalmente a redução de subsídios a transporte, luz e gás, terá epicentros no Congresso Nacional e na Plaza de Mayo, e testará o novo protocolo de atuação das forças federais para evitar bloqueios de vias públicas estradas, anunciado por Bullrich.

Segundo o jornal "La Nación", para hoje está previsto um trabalho coordenado entre as forças de segurança da cidade de Buenos Aires, comandada por Jorge Macri, e as tropas federais comandadas por Bullrich.

Os chamados grupos piqueteiros, que promovem os protestos na Argentina, se organizaram para uma grande mobilização contra as medidas anunciadas por Caputo, em que se desvalorizou a moeda em 55%, provocando um aumento no preço dos produtos que se seguirá nas próximas semanas.

"O plano da motosserra Caputo-Milei mostra que o ajuste será pago pelo povo, não pela política. É um plano inflacionário porque tem uma grande desvalorização com tarifas de transporte e energia. Para os trabalhadores haverá demissões e salários mais baixos", criticou Belliboni no dia seguinte ao anúncio de Caputo.
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