Primeiro-ministro de Israel, Benjamin NetanyahuAFP
Publicado 25/12/2023 16:52
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou Gaza, nesta segunda-feira (25), e prometeu intensificar ainda mais a ofensiva contra o movimento islamista Hamas, que denunciou a morte de cerca de 100 habitantes desse território palestino devastado por mais de dois meses de guerra.

Nas últimas horas, mais de 100 pessoas morreram em quatro bombardeios israelenses, denunciou o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

O premiê Netanyahu prometeu, no entanto, continuar "lutando" e "intensificar os combates nos próximos dias”, segundo um comunicado de seu partido, o Likud.

"Será uma guerra longa, que não está perto de terminar", afirmou, após uma visita ao território sitiado, onde Israel lançou uma ofensiva terrestre e aérea em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro. Nesse dia, os comandos do movimento islamista se infiltraram no sul de Israel e mataram cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em dados israelenses.

Junto com outros grupos armados, também sequestraram 240 pessoas, e 129 permanecem como reféns em Gaza, segundo o governo de Israel.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou mais de 20.764 mortos em Gaza, afirma o movimento islamista.

Bombardeios na véspera de Natal 
A Força Aérea israelense bombardeou Gaza, maciçamente, na madrugada desta segunda-feira. Um dos bombardeios, perto do povoado de de Al Zawaida, no centro do território, deixou 12 mortos, segundo o Hamas. Outro deixou 18 mortos em Khan Yunis, no sul do território.

O Ministério da Saúde do Hamas também informou que pelo menos 70 pessoas morreram no domingo em um bombardeio israelense que atingiu o acampamento de refugiados de Al Maghazi, no centro da Faixa. O Exército de Israel afirmou à AFP que estava "investigando" o "incidente".

Do Vaticano, o papa Francisco denunciou, em sua mensagem de Natal, "a situação humanitária desesperada" dos palestinos em Gaza e fez um apelo por um cessar-fogo.

"Suplico que cessem as operações militares, com suas dramáticas consequências de vítimas civis inocentes, e que se remedie a situação humanitária desesperadora, permitindo a chegada de ajuda", declarou diante de milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

Para os cristãos palestinos, este Natal foi marcado por uma guerra sem sinais de um fim próximo. Em Belém, na Cisjordânia ocupada, local do nascimento de Jesus na tradição cristã, a prefeitura suspendeu a maior parte das festividades, e as ruas, que costumam ficar lotadas nesta época, ficaram quase desertas.

Em Gaza, a guerra provocou uma grande destruição, e seus 2,4 milhões de habitantes sofrem com a escassez de água, comida, combustível e remédios, devido ao cerco imposto por Israel dois dias após o ataque do Hamas. Desde então, a população depende, desesperadamente, da entrada de ajuda humanitária.

Quase 80% da população foi deslocada pela guerra, segundo a ONU, e muitas pessoas fugiram para o sul desse estreito território de 362 quilômetros quadrados. Agora, sobrevivem em barracas, expostas ao frio.

O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, afirmou que "a única solução é um cessar-fogo humanitário".

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou "a destruição do sistema de saúde de Gaza", que chamou de "tragédia".

Netanyahu se mostra inflexível, porém, embora tenha admitido no domingo que o país paga um "preço elevado pela guerra".

Nesta segunda, o Exército israelense informou as mortes de mais dois soldados, o que eleva para 17 o número de baixas desde sexta-feira (22). No total, 156 militares israelenses morreram desde o início da ofensiva terrestre de Israel em Gaza no final de outubro.

No Parlamento, o líder israelense explicou hoje que as tropas precisavam de "mais tempo" para resgatar os reféns ainda mantidos em cativeiro em Gaza. Mas seu discurso foi interrompido por familiares desses reféns. "Agora! Agora!", gritaram para Netanyahu.

"E se fosse seu filho?", "80 dias, cada minuto é um inferno", eram as inscrições de alguns dos cartazes levantados pelas famílias durante a sessão. A guerra gera temores de que o conflito se alastre.

Após a multiplicação dos ataques contra navios no Mar Vermelho, em sua maioria reivindicados pelos rebeldes huthis do Iêmen, os Estados Unidos acusaram o Irã de estar "profundamente envolvido" no planejamento desses ataques. Teerã rejeita a acusação.

O Irã anunciou, hoje, a morte de um importante general da Guarda Revolucionária em um bombardeio israelense na Síria. O presidente Ebrahim Raisi prometeu que Israel "pagará" pela morte de seu importante líder militar.
Publicidade
Leia mais