Publicado 20/01/2024 11:46
"Bom dia, senhora, é do banco. A senhora está em casa?". Desde o início das hostilidades entre Israel e o movimento libanês Hezbollah, os moradores do sul do Líbano recebem telefonemas misteriosos momentos antes dos bombardeios.
As vozes do outro lado da linha dizem fazer pesquisas, distribuir ajuda ou se identificam como funcionários de instituições públicas. Mas fontes de segurança libanesas e do Hezbollah atribuem os telefonemas a Israel.
Foi o que aconteceu com Umm Hussein na semana passada. Esta septuagenária, moradora do povoado de Khiam, no sul do Líbano, recebeu a ligação de um banco, pedindo para efetuar um saque.
Mas a mulher não tem conta bancária, conta à AFP seu neto, Hassan Shukeir. "Perguntaram-lhe se estava em Khiam e a chamada se encerrou quando respondeu que estava em Beirute", acrescenta. Pouco depois, um bombardeio israelense atingiu a casa vizinha.
Incidentes similares foram registrados nas últimas semanas nesta região, onde o Hezbollah lança ataques contra Israel desde que começou a guerra em Gaza, em 7 de outubro, em apoio ao movimento islamista palestino Hamas.
Israel responde bombardeando os povoados fronteiriços. A violência já deixou mais de 190 mortos no Líbano, incluindo 141 combatentes do Hezbollah, com forte presença no sul do país.
Do lado israelense morreram 15 pessoas, nove soldados e seis civis, segundo o exército israelense.
'Cegar o inimigo'
As vozes do outro lado da linha dizem fazer pesquisas, distribuir ajuda ou se identificam como funcionários de instituições públicas. Mas fontes de segurança libanesas e do Hezbollah atribuem os telefonemas a Israel.
Foi o que aconteceu com Umm Hussein na semana passada. Esta septuagenária, moradora do povoado de Khiam, no sul do Líbano, recebeu a ligação de um banco, pedindo para efetuar um saque.
Mas a mulher não tem conta bancária, conta à AFP seu neto, Hassan Shukeir. "Perguntaram-lhe se estava em Khiam e a chamada se encerrou quando respondeu que estava em Beirute", acrescenta. Pouco depois, um bombardeio israelense atingiu a casa vizinha.
Incidentes similares foram registrados nas últimas semanas nesta região, onde o Hezbollah lança ataques contra Israel desde que começou a guerra em Gaza, em 7 de outubro, em apoio ao movimento islamista palestino Hamas.
Israel responde bombardeando os povoados fronteiriços. A violência já deixou mais de 190 mortos no Líbano, incluindo 141 combatentes do Hezbollah, com forte presença no sul do país.
Do lado israelense morreram 15 pessoas, nove soldados e seis civis, segundo o exército israelense.
'Cegar o inimigo'
O Hezbollah pediu aos poucos moradores que permanecem nos povoados fronteiriços que não respondam a perguntas de números de telefone libaneses desconhecidos.
"O inimigo usa estas informações para averiguar sobre a presença dos nossos irmãos combatentes nas casas que pretende atacar", adverte o movimento.
Segundo uma fonte de segurança, os serviços de inteligência do exército libanês e da polícia atribuem os telefonemas a Israel. Este país, afirmam, teria conseguido invadir a rede de telecomunicações libanesas.
Israel usou esta tática várias vezes antes de agir contra combatentes do Hezbollah escondidos em casas, afirma a mesma fonte.
Um bombardeio atingiu, por exemplo, uma casa do povoado de Beit Yahoun em 22 de novembro, deixando cinco combatentes mortos, entre eles o filho do líder do bloco parlamentar do partido, Mohamed Raad.
O proprietário da casa recebeu um telefonema pouco antes do ataque. O interlocutor quis se assegurar de que a família não estava em casa, segundo a fonte de segurança.
Quando a AFP perguntou se os telefonemas vinham de Israel, uma porta-voz do exército disse que "não podia responder".
Israel também hackeou câmeras de segurança de vigilância privada em frente a casas e comércios nas aldeias fronteiriças, segundo o Hezbollah. O inimigo pediu que fossem desligadas para "cegar o inimigo".
'Falta de proteção'
"O inimigo usa estas informações para averiguar sobre a presença dos nossos irmãos combatentes nas casas que pretende atacar", adverte o movimento.
Segundo uma fonte de segurança, os serviços de inteligência do exército libanês e da polícia atribuem os telefonemas a Israel. Este país, afirmam, teria conseguido invadir a rede de telecomunicações libanesas.
Israel usou esta tática várias vezes antes de agir contra combatentes do Hezbollah escondidos em casas, afirma a mesma fonte.
Um bombardeio atingiu, por exemplo, uma casa do povoado de Beit Yahoun em 22 de novembro, deixando cinco combatentes mortos, entre eles o filho do líder do bloco parlamentar do partido, Mohamed Raad.
O proprietário da casa recebeu um telefonema pouco antes do ataque. O interlocutor quis se assegurar de que a família não estava em casa, segundo a fonte de segurança.
Quando a AFP perguntou se os telefonemas vinham de Israel, uma porta-voz do exército disse que "não podia responder".
Israel também hackeou câmeras de segurança de vigilância privada em frente a casas e comércios nas aldeias fronteiriças, segundo o Hezbollah. O inimigo pediu que fossem desligadas para "cegar o inimigo".
'Falta de proteção'
Segundo a fonte de segurança, três libaneses suspeitos de espionagem foram detidos recentemente. Um deles teria escaneado redes de wifi de residências nos subúrbios do sul de Beirute, reduto do Hezbollah.
Os combatentes do movimento xiita dizem ter desligado dezenas de dispositivos de espionagem, assim como câmeras instaladas em torres e centros militares israelenses na fronteira.
Desde então, Israel tem aumentado o uso dos telefonemas e o hackeamento de câmeras de vigilância, segundo o grupo pró-iraniano.
Abed Qataya, diretor de conteúdos digitais da SMEX, organização de direitos digitais, explica à AFP que o hackeamento se deve a que as comunicações por internet e os telefonemas raramente são criptografadas.
"Israel tem um longo histórico nas técnicas de espionagem", lembra, acrescentando que as infraestruturas de comunicação não estão protegidas adequadamente no Líbano, que sofre uma grave crise econômica.
Em 7 de janeiro, os monitores do aeroporto de Beirute sofreram um ciberataque com mensagens hostis ao Hezbollah. Os autores nunca foram identificados.
"O Estado libanês não tem experiência em cibersegurança", admitiu na ocasião o ministro de Obras Públicas e Transportes, Ali Hamieh.
Os combatentes do movimento xiita dizem ter desligado dezenas de dispositivos de espionagem, assim como câmeras instaladas em torres e centros militares israelenses na fronteira.
Desde então, Israel tem aumentado o uso dos telefonemas e o hackeamento de câmeras de vigilância, segundo o grupo pró-iraniano.
Abed Qataya, diretor de conteúdos digitais da SMEX, organização de direitos digitais, explica à AFP que o hackeamento se deve a que as comunicações por internet e os telefonemas raramente são criptografadas.
"Israel tem um longo histórico nas técnicas de espionagem", lembra, acrescentando que as infraestruturas de comunicação não estão protegidas adequadamente no Líbano, que sofre uma grave crise econômica.
Em 7 de janeiro, os monitores do aeroporto de Beirute sofreram um ciberataque com mensagens hostis ao Hezbollah. Os autores nunca foram identificados.
"O Estado libanês não tem experiência em cibersegurança", admitiu na ocasião o ministro de Obras Públicas e Transportes, Ali Hamieh.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.