Minas de Mali produziram cerca de 72,2 toneladas de ouro em 2022Reprodução
Publicado 24/01/2024 10:44 | Atualizado 24/01/2024 11:37
O colapso de uma galeria de uma mina de ouro no oeste do Mali causou a morte de 73 pessoas na última sexta-feira, 19, disseram à AFP um encarregado de uma empresa de mineração local e um vereador do município nesta quarta, 24.

"Começou com um barulho. A terra começou a tremer. Eram mais de 200 garimpeiros. O trabalho de busca terminou. Encontramos 73 corpos", disse à AFP Oumar Sidibé, um dos responsáveis pelos garimpeiros de Kangaba. Um vereador local confirmou o trágico balanço.

Em comunicado publicado na terça-feira, 23, o Ministério das Minas informou a morte de vários garimpeiros, mas não informou números precisos. O governo ofereceu "suas mais tristes condolências às desconsoladas famílias e ao povo do Mali".

Da mesma forma, o ministério convidou "as comunidades próximas aos locais de mineração e aos garimpeiros a respeitarem escrupulosamente as medidas de segurança e a trabalharem apenas dentro dos perímetros dedicados à extração de ouro".

Um dos países mais empobrecidos do mundo, o Mali é um dos principais produtores de ouro da África. As minas costumam ser palco de deslizamentos de terra mortais, que mancham uma atividade perigosa, muitas vezes realizada de forma caseira e que não é suficientemente controlada pelas autoridades.

Colapsos mortais
As suas minas de ouro são frequentemente alvo de colapsos mortais, que mancham uma atividade perigosa, muitas vezes realizada de forma pouco profissional e controlada de forma insuficiente pelas autoridades. Os acidentes de mineração também são comuns na Guiné, no Senegal e em Burkina Faso.

Com 72,2 toneladas produzidas em 2022 (das quais seis toneladas são resultantes da extração artesanal), o ouro contribuiu com 25% para o orçamento nacional. Além disso, representou 75% das receitas procedentes da exportação e 10% do Produto Interno Bruto, conforme indicado em março de 2023 por Lamine Seydou Traoré, ex-ministro de Minas.

Assim como outros governos africanos, a junta militar que governa o Mali desde 2020 destacou, em diversas ocasiões, a sua intenção de devolver ao país a soberania sobre os seus recursos naturais.

Em agosto de 2023, aprovou um novo código de mineração que permite ao Estado ficar com até 30% da participação em novos projetos. Isso deverá gerar pelo menos 500 bilhões de francos CFA (cerca de 832 milhões de dólares, 4,1 bilhões de reais na cotação atual) para o orçamento anual do Estado, segundo o governo.

O setor de mineração do Mali é dominado por grupos estrangeiros, como os canadenses Barrick Gold e B2Gold, o australiano Resolute Mining e o britânico Hummingbird Resources, que operam no país apesar da expansão jihadista e da instabilidade política em que está atolado há anos.

Além disso, as minas artesanais continuam prosperando, atraindo milhares de garimpeiros em busca de riqueza.
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