Publicado 26/01/2024 11:45
Três mulheres acusaram o renomado diretor de cinema espanhol Carlos Vermut de supostamente abusar de seu cargo para manter relações sexuais violentas sem consentimento, segundo uma investigação publicada nesta sexta-feira, 26, pelo jornal "El País".
Devido ao medo de perderem seus empregos ou de não conseguirem um, as mulheres, todas ligadas ao setor audiovisual ou cultural, não denunciaram o cineasta - vencedor, há uma década, de uma Concha de Ouro do Festival de San Sebastián.
Vermut, agora com 43 anos, era mais velho que duas das jovens quando os supostos incidentes ocorreram, entre maio de 2014 e fevereiro de 2022, conforme indicado pela investigação jornalística.
O primeiro depoimento é de 2014, exatamente quando a carreira de Vermut, considerado um diretor talentoso e roteirista independente, decolava devido à boa recepção da crítica sobre seu segundo longa-metragem, "A Garota de Fogo", que lhe rendeu, no mesmo ano, a Concha de Ouro de Melhor Filme e a Concha de Prata de Melhor Diretor no Festival de San Sebastián.
A mulher, que trabalhava no setor e admirava sua obra, relatou ao jornal a maneira em que, depois de conhecê-lo em um bar e começar uma sedução consentida, Vermut mudou de atitude e supostamente a forçou a ter relações sexuais sem proteção, e com um grau de violência que ela não tinha autorizado, chegando a ser estrangulada.
O relato de outra das mulheres, que pediram para permanecer sob anonimato, também faz referência a relações "com uma violência" não consentida, nas quais chegaram a sentir "medo". O terceiro caso é o de uma estudante de cinema que, segundo depoimento, Vermut tentou forçar.
Questionado pelo jornal, o diretor, cujo nome verdadeiro é Carlos López del Rey, negou todas as acusações e afirmou não estar "consciente de ter cometido violência sexual contra nenhuma mulher", embora tenha reconhecido ter "estrangulado pessoas, sim, mas de maneira consentida".
"Sempre pratiquei sexo mais intenso, mas sempre de maneira consentida, porque acredito que o consentimento é muito importante", disse ao "El País".
As acusações contra Vermut geraram muitas reações nas redes sociais, onde houve mensagens de apoio às denunciantes.
"Obrigado às mulheres que tiveram a coragem de contar suas experiências. Vocês não estão sozinhas", escreveu o partido Sumar, integrante da coalizão de governo espanhol de esquerda, na rede social X.
Desde o surgimento do movimento #MeToo, em 2017, que começou denunciando casos de assédio e abuso de homens poderosos na indústria do entretenimento nos Estados Unidos, figuras do mundo do cinema têm sido acusadas ou apontadas por comportamentos supostamente abusivos em vários países.
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