Publicado 01/02/2024 09:27 | Atualizado 01/02/2024 09:29
Os protestos dos agricultores não recuam na União Europeia (UE), em particular na França, onde o bloqueio de rodovias prossegue pelo 14º dia consecutivo, apesar das concessões da Comissão Europeia.
Quase "mil tratores ou máquinas agrícolas" tomaram várias avenidas de Bruxelas, o que provocou cenas de caos, horas antes de uma reunião de cúpula dos líderes dos 27 países da UE, informou a polícia belga.
Na quarta-feira (31), agricultores franceses e belgas bloquearam um acesso da fronteira entre os países para criticar os acordos comerciais com países de fora do bloco e exigir "anúncios contundentes" na reunião de Bruxelas.
Embora a revolta dos produtores agrícolas não conste na agenda da reunião, o presidente francês Emmanuel Macron deve abordou o "futuro da agricultura europeia" com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Um dos principais pontos de tensão é o acordo que UE e Mercosul negociam há 20 anos e que, segundo os agricultores, representaria um duro revés para o setor na Europa.
O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, ressaltou a disposição de Paris de travar uma batalha com a Comissão Europeia contra a assinatura do acordo em sua forma atual com o bloco sul-americano, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Mas o presidente da associação patronal francesa Medef, Patrick Martin, declarou-se favorável ao acordo comercial, ao mesmo tempo que afirmou: "Precisamos esperar e verificar se os quatro países sul-americanos envolvidos respeitam um mínimo (de regras) em matéria ambiental e social".
Detenções
Quase "mil tratores ou máquinas agrícolas" tomaram várias avenidas de Bruxelas, o que provocou cenas de caos, horas antes de uma reunião de cúpula dos líderes dos 27 países da UE, informou a polícia belga.
Na quarta-feira (31), agricultores franceses e belgas bloquearam um acesso da fronteira entre os países para criticar os acordos comerciais com países de fora do bloco e exigir "anúncios contundentes" na reunião de Bruxelas.
Embora a revolta dos produtores agrícolas não conste na agenda da reunião, o presidente francês Emmanuel Macron deve abordou o "futuro da agricultura europeia" com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Um dos principais pontos de tensão é o acordo que UE e Mercosul negociam há 20 anos e que, segundo os agricultores, representaria um duro revés para o setor na Europa.
O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, ressaltou a disposição de Paris de travar uma batalha com a Comissão Europeia contra a assinatura do acordo em sua forma atual com o bloco sul-americano, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Mas o presidente da associação patronal francesa Medef, Patrick Martin, declarou-se favorável ao acordo comercial, ao mesmo tempo que afirmou: "Precisamos esperar e verificar se os quatro países sul-americanos envolvidos respeitam um mínimo (de regras) em matéria ambiental e social".
Detenções
A França, onde a pressão não dá trégua nas rodovias ao redor de Paris, continua sendo o epicentro dos protestos. A tensão aumentou na quarta-feira com as primeiras detenções, pouco mais de 100.
Durante a manhã foram liberados os últimos 79 agricultores detidos após a invasão do mercado atacadista de Rungis, centro de alimentos crucial de Paris e um dos maiores do mundo.
O sindicato Coordenação Rural, que convocou o bloqueio a Rungis, sugere agora que os agricultores sigam até a Assembleia Nacional (Câmara Baixa do Parlamento) de Paris para uma "reunião" com seus deputados.
Arnaud Rousseau, líder do principal sindicato agrícola francês, FNSEA, pediu "calma" e advertiu que as "expectativas são enormes diante do acúmulo de normas, mas que muitos temas não podem ser resolvidos em três dias".
As medidas anunciadas pelo governo francês e as concessões da Comissão Europeia, em particular a revogação "parcial" em 2024 da obrigação de deixar 4% das terras aráveis em pousio, não parecem suficientes para convencê-los.
Enquanto aguardam possíveis anúncios do governo nesta quinta-feira, os protestos continuam em todo o país. Nas proximidades de Perpignan, sul do país, quase 60 tratores prejudicarm o trânsito em uma importante rodovia entre França e Espanha.
"Seguimos mobilizados porque as medidas anunciadas não estão à altura de nossas expectativas e do que está em jogo", declarou à AFP Bruno Vila, líder agrícola local.
Portugal, Itália, Espanha
Durante a manhã foram liberados os últimos 79 agricultores detidos após a invasão do mercado atacadista de Rungis, centro de alimentos crucial de Paris e um dos maiores do mundo.
O sindicato Coordenação Rural, que convocou o bloqueio a Rungis, sugere agora que os agricultores sigam até a Assembleia Nacional (Câmara Baixa do Parlamento) de Paris para uma "reunião" com seus deputados.
Arnaud Rousseau, líder do principal sindicato agrícola francês, FNSEA, pediu "calma" e advertiu que as "expectativas são enormes diante do acúmulo de normas, mas que muitos temas não podem ser resolvidos em três dias".
As medidas anunciadas pelo governo francês e as concessões da Comissão Europeia, em particular a revogação "parcial" em 2024 da obrigação de deixar 4% das terras aráveis em pousio, não parecem suficientes para convencê-los.
Enquanto aguardam possíveis anúncios do governo nesta quinta-feira, os protestos continuam em todo o país. Nas proximidades de Perpignan, sul do país, quase 60 tratores prejudicarm o trânsito em uma importante rodovia entre França e Espanha.
"Seguimos mobilizados porque as medidas anunciadas não estão à altura de nossas expectativas e do que está em jogo", declarou à AFP Bruno Vila, líder agrícola local.
Portugal, Itália, Espanha
A mobilização também afeta outros países da UE. Depois da França, Alemanha e Itália, os agricultores portugueses tomaram nesta quinta-feira as rodovias do país com seus tratores para exigir a "valorização" de sua atividade.
Na Espanha, o ministro da Agricultura, Luis Planas, anunciou que receberá na sexta-feira representantes dos três principais sindicatos do setor, que ameaçam iniciar uma mobilização nas próximas semanas.
O setor rural espanhol enfrenta um momento difícil devido à seca que a afeta há três anos e reduziu consideravelmente as colheitas de azeitonas e cereais. Os sindicatos também denunciam a "burocracia asfixiante" da UE.
Apesar das situações diferentes, as mesmas reclamações são ouvidas na maioria dos países europeus: uma política da UE muito complexa, receitas muito baixas, inflação, concorrência estrangeira, acúmulo de regulamentações...
Além da revogação do pousio, a Comissão Europeia também anunciou na quarta-feira que vai estudar um mecanismo para limitar as importações da Ucrânia, em particular de aves.
A nova Política Agrícola Comum (PAC), um dos pilares das políticas da UE e responsável por estabelecer as condições para a concessão de subsídios agrícolas, e o Pacto Verde climático cristalizam o mal-estar.
Na Espanha, o ministro da Agricultura, Luis Planas, anunciou que receberá na sexta-feira representantes dos três principais sindicatos do setor, que ameaçam iniciar uma mobilização nas próximas semanas.
O setor rural espanhol enfrenta um momento difícil devido à seca que a afeta há três anos e reduziu consideravelmente as colheitas de azeitonas e cereais. Os sindicatos também denunciam a "burocracia asfixiante" da UE.
Apesar das situações diferentes, as mesmas reclamações são ouvidas na maioria dos países europeus: uma política da UE muito complexa, receitas muito baixas, inflação, concorrência estrangeira, acúmulo de regulamentações...
Além da revogação do pousio, a Comissão Europeia também anunciou na quarta-feira que vai estudar um mecanismo para limitar as importações da Ucrânia, em particular de aves.
A nova Política Agrícola Comum (PAC), um dos pilares das políticas da UE e responsável por estabelecer as condições para a concessão de subsídios agrícolas, e o Pacto Verde climático cristalizam o mal-estar.
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