Presidente dos Estados Unidos, Joe BidenAFP
Publicado 03/02/2024 16:43
Os Estados Unidos receberam neste sábado uma enxurrada de críticas no Oriente Médio, após atacarem, na véspera, alvos pró-Irã no Iraque e na Síria, em represália pela morte de três de seus soldados na Jordânia.

Pelo menos 29 combatentes pró-Irã morreram no leste da Síria, incluindo 9 sírios, 6 iraquianos e 6 libaneses do movimento xiita Hezbollah, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). No Iraque, o governo reportou 16 mortos, incluindo civis.

Os Estados Unidos informaram que as operações tiveram como alvo forças de elite e milícias pró-Irã às quais atribuiu o ataque com drone que matou três militares americanos em uma base na Jordânia no último dia 28.
Enxurrada de críticas
Os ataques americanos foram criticados pelos países alvejados e pela Rússia, que pediu a convocação urgente de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir "a ameaça à paz e à segurança gerada pelos bombardeios" na Síria e no Iraque.

As represálias americanas contribuem pra "avivar o conflito no Oriente Médio de uma forma extremamente perigosa", reagiu o Ministério sírio das Relações Exteriores, em uma nota.

Bagdá denunciou uma "violação da soberania iraquiana" e anunciou que convocará o encarregado de negócios americano para notificar-lhe seu protesto.

Arqui-inimigo de Washington e Israel, o Irã condenou os bombardeios e advertiu que os mesmos poderiam "agravar as tensões e a instabilidade na região".

O movimento Al-Nujaba, integrante da Resistência Islâmica no Iraque, formada por combatentes dos grupos pró-Irã, alertou que responderá aos ataques americanos "no momento oportuno".

O movimento palestino Hamas afirmou, por sua vez, que os ataques americanos apenas colocam "lenha na fogueira". "Temos que evitar uma escalada" no Oriente Médio, declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

A operação americana durou cerca de 30 minutos e foi "um sucesso", declarou a Casa Branca, reiterando, no entanto, que não quer uma "guerra" com o Irã.

"Os Estados Unidos não buscam conflitos no Oriente Médio, nem em qualquer outro lugar do mundo. Mas que todos aqueles que querem nos prejudicar saibam: se prejudicarem um americano, nós responderemos", frisou o presidente Joe Biden.

Os Estados Unidos anunciaram neste sábado que destruíram oito drones na costa do Iêmen e quatro em terra, para “proteger a liberdade de navegação” de ataques dos rebeldes huthis contra o tráfego marítimo.

Fim da 'ocupação'
No total, as forças americanas atacaram 85 alvos, em sete pontos diferentes, quatro deles na Síria, e três, no Iraque.

Cerca de 900 soldados americanos estão destacados na Síria, e outros 2.500, no Iraque, como parte de uma coalizão internacional antijihadista criada para combater o grupo Estado Islâmico (EI), que, há quase dez anos, chegou a controlar grandes áreas de ambos os países.

A derrota do EI foi anunciada em 2019 na Síria e, em 2017, no Iraque, mas a coalizão se manteve para combater as células jihadistas que continuam lançando ataques.

Segundo o jornal pró-governo sírio Al-Watan, a fortaleza Al-Rahba, um sítio histórico localizado em Al-Mayadin, foi atingida pelos ataques. Os Estados Unidos afirmaram que avisaram Bagdá sobre os ataques com antecedência, o que o governo iraquiano negou neste sábado.

Ataques
O Exército americanos entrou em ação pouco depois da chegada dos restos mortais dos três militares que morreram na Jordânia.

Desde meados de outubro, mais de 165 ataques de drones e foguetes tiveram como alvo as forças americanas destacadas com a coalizão antijihadista no Iraque e na Síria, mas nenhum militar americano havia morrido até o ataque de 28 de janeiro.

Reivindicados em sua maior parte pela organização Resistência Islâmica no Iraque, esses ataques se multiplicaram desde o começo do conflito em Gaza entre o Hamas e Israel, em 7 de outubro.
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