Publicado 05/02/2024 18:21
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou, nesta segunda-feira (5), a criação de um comitê independente para avaliar a "neutralidade" da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), após acusações de Israel de que 12 de seus trabalhadores participaram dos ataques do Hamas em 7 de outubro.
O comitê será liderado pela ex-chanceler francesa Catherine Colonna e trabalhará com o Instituto Raoul Wallenberg na Suécia, o Instituto Chr. Michelsen na Noruega e o Instituto Dinamarquês para os Direitos Humanos.
O grupo avaliará se a UNRWA "faz o que pode para garantir a neutralidade e responder aos relatos de violações graves quando estas ocorrem".
A UNRWA está no centro das atenções desde que Israel acusou 12 de seus funcionários de terem participado dos ataques do movimento islamista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, nos quais morreram 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em números oficiais.
A retaliação militar do Exército israelense deixou 27.478 mortos na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo um balanço do Hamas.
Está previsto um primeiro relatório provisório para o final de março e o relatório final para o final de abril, segundo o comunicado do secretário-geral.
"Felicito as Nações Unidas pela formação desse comitê investigativo", disse no X, antigo Twitter, o chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, que considera "imperativo revelar a verdade".
Israel "entregará todas as provas que mostrem os laços da UNRWA com o terrorismo", disse.
Esta revisão externa será realizada em paralelo com a investigação atualmente conduzida pelo Gabinete de Serviços de Supervisão Interna das Nações Unidas (OIOS).
Guterres pretende que a investigação independente identifique os mecanismos e procedimentos da agência para garantir a sua neutralidade e responder a denúncias ou informações que indiquem possíveis violações, além de determinar como têm sido aplicados na prática, "tendo em conta o ambiente operacional, político e de segurança em que trabalha".
A UNRWA é a maior organização da ONU na região e trabalha "sob condições extremamente difíceis para fornecer assistência vital aos dois milhões de pessoas na Faixa de Gaza que dela dependem (...), em meio a uma das maiores e mais complexas crises humanitárias do mundo", lembra o secretário-geral.
Vários países, incluindo os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, anunciaram a suspensão das suas contribuições para esta agência, em resposta às acusações de Israel, que afirma que a organização sistematicamente contraria seus interesses.
"Esperamos que os doadores tenham tomado nota das medidas rápidas adotadas pelo secretário-geral (...) para responder aos problemas que podem ser criados", comentou Stéphane Dujarric, que apontou que até agora, não recebeu informação de doadores que tenham revisado a suspensão de suas contribuições e incentivou outros Estados-membros que "deem mostras de generosidade e solidariedade" com a UNRWA.
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