Publicado 09/02/2024 16:30
O chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols, alertou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, nesta sexta-feira (9) que a concessão de asilo ao ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli mina "o Estado de Direito".
O direitista Martinelli, no poder entre 2009 e 2014, pediu asilo na embaixada da Nicarágua no Panamá dias depois de perder o último recurso para anular uma condenação de quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro, informou a vice-presidente nicaraguense, Rosario Murillo, mulher de Ortega.
"A concessão de asilo na Nicarágua por Ortega-Murillo ao ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli é uma medida a mais para minar o Estado de Direito e subverter a justiça", disse Nichols na rede social X (antigo Twitter). "Os funcionários do governo que traem a confiança pública devem prestar contas", acrescentou.
Esta não é a primeira vez que a Nicarágua concede asilo a ex-presidentes e altos funcionários centro-americanos envolvidos em problemas com a justiça. Os ex-presidentes esquerdistas salvadorenhos Mauricio Funes (2009-2014) e Salvador Sánchez Cerén (2014-2019) já se beneficiaram da medida.
Nesta sexta-feira, completa-se um ano da chegada aos Estados Unidos de 222 ex-presos políticos expulsos pela Nicarágua, que também retirou sua nacionalidade. O grupo era integrado por defensores dos direitos humanos, pré-candidatos à Presidência da Nicarágua, ativistas políticos, membros do clero, jornalistas e estudantes, entre outros.
Um ano depois, Ortega e Murillo "continuam prendendo injustamente ou forçando ao exílio aqueles que desejam exercer seus direitos humanos e liberdades fundamentais na Nicarágua", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.
Washington pede às autoridades para restabelecer "o pleno gozo dos direitos civis e políticos de todos os nicaraguenses", acrescentou.
A Nicarágua está sob sanções americanas pela repressão aos protestos de 2018 contra Ortega, no poder desde 2007 e reeleito sucessivamente em eleições questionadas pela comunidade internacional, sobretudo os Estados Unidos e a União Europeia.
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