Publicado 29/02/2024 11:06
Em 2023, a democracia sofreu reveses graves e generalizados em todo o mundo, e uma série de eleições foi marcada pela violência e pela manipulação, destaca um documento da Freedom House divulgado nesta quinta-feira (29).
No seu relatório anual, o grupo de pesquisa e defesa da democracia financiado pelos Estados alterou a classificação de dois países: rebaixou o Equador, de livre para parcialmente livre, e subiu a Tailândia, de não livre para parcialmente livre.
No geral, os direitos políticos e as liberdades civis diminuíram em 52 países e apenas 21 registraram melhorias, marcando o 18º ano consecutivo de declínio da liberdade no mundo e uma tendência muito mais desigual do que no ano anterior.
"Mesmo se olharmos região por região, normalmente podemos dizer que uma é uma exceção, mas todas as regiões registaram um declínio", disse Yana Gorokhovskaia, coautora do relatório. "A deterioração é bastante generalizada", acrescentou.
O estudo menciona os esforços dos atuais governantes "para controlar a competição eleitoral, dificultar os seus adversários políticos ou impedi-los de tomar o poder" no Camboja, na Turquia e no Zimbábue e, sem sucesso, na Guatemala e na Polônia.
O Equador foi rebaixado devido à perturbação das eleições por gangues criminosas violentas, incluindo o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio após um discurso de campanha.
A Tailândia subiu devido à competitividade das eleições, embora as forças de elite governantes tenham impedido o jovem progressista Pita Limjaroenrat, cujo partido Move Forward obteve o maior número de assentos, de se tornar primeiro-ministro.
"Esta não é, eu diria, uma vitória em grande escala para a democracia ou a liberdade e a Tailândia", declarou Gorokhovskaia.
Mas considerou um avanço o fato de o partido Pheu Thai, segundo colocado do ex-primeiro-ministro e magnata Thaksin Shinawatra, ter sido autorizado a tomar o poder após anos de esforços da classe dirigente apoiada pelos militares para reprimi-lo.
O maior avanço na escala de 100 pontos da Freedom House foi registrada pelas ilhas Fiji, que ganharam sete pontos.
Classificadas como parcialmente livres, as ilhas Fiji realizaram eleições tensas em dezembro de 2022, nas quais os eleitores depuseram Frank Bainimarama, que liderava o arquipélago do Pacífico desde o golpe de Estado sem derramamento de sangue em 2006.
Desde as eleições, Fiji fez progressos significativos, incluindo a redução da censura e a alteração das leis de registro eleitoral para melhorar a participação das mulheres, disse Gorokhovskaia.
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