Ex-presidente de Honduras, Juan Orlando HernándezAFP
Publicado 06/03/2024 19:18 | Atualizado 06/03/2024 19:19
O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, é um "narcotraficante" que transformou seu país em uma estrada de cocaína direcionada aos Estados Unidos e deve ser condenado, declarou nesta quarta-feira (6) a promotoria de Nova York ao júri, durante seu julgamento por tráfico de drogas.
"O acusado é um narcotraficante" que, enquanto em público fingia combater o tráfico, no privado o protegia, disse a promotoria em suas alegações finais em frente aos 12 membros do júri.
Todas as suas provas, garantiu a promotoria, demonstram que Hernández é "culpado" das três acusações contra ele: conspirar para traficar drogas, conspirar para traficar armas e posse de armas.
O ex-presidente, extraditado aos Estados Unidos em 2022, é acusado de participar do envio de 500 toneladas de cocaína ao país entre 2004 e 2022.
Se for considerado culpado, Hernández, de 55 anos e presidente de Honduras de 2014 a 2022, pode ser considerado à prisão perpétua, como seu irmão Tony Hernández em 2021.
Durante seu depoimento anterior às alegações finais, o ex-presidente assegurou que nunca recebeu dinheiro do narcotráfico. "Nunca, senhor. Isso era totalmente proibido", afirmou.
Ao longo de duas semanas de julgamento, a promotoria colocou no banco das testemunhas traficantes hondurenhos como Devis Leonel Rivera, líder do poderoso cartel Los Cachiros, o ex-prefeito Alexander Ardón e Fabio Lobo, filho do ex-presidente Porfirio Lobo (2010-2014), todos presos nos Estados Unidos.
Eles garantiram ter subornado o então Hernández em troca de proteção para suas atividades e para não serem extraditados.
Mas o ex-presidente, que afirmou ser "vítima de uma vingança", chamou as testemunhas de "mentirosos profissionais". "Todos têm muitos motivos para mentir", disse. Eles podem se beneficiar de reduções em suas penas por prestarem depoimento.
Também indicou que pediu às autoridades hondurenhas que investigassem seu irmão Tony, e que sugeriu a ele cortar laços com os traficantes e se entregar à agência americana antidrogas, a DEA.
Ao fim dos argumentos da promotoria e da defesa, os jurados se retiram para deliberar a fim de chegar a um veredito unânime.
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