Publicado 09/03/2024 11:38
O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi declarado culpado, na sexta-feira (8), de narcotráfico e tráfico de armas por um júri de um tribunal federal de Nova York, ao término de um julgamento histórico que pode levá-lo a passar o resto de sua vida na prisão.
Após um dia e meio de deliberações, o júri de 12 pessoas anunciou seu veredicto unânime pouco antes das 13h30 locais pelas três acusações atribuídas a ele pela Promotoria: culpado de conspirar para enviar cocaína aos Estados Unidos, traficar e possuir armas. Sua sentença será anunciada em 26 de junho, anunciou a Promotoria.
"Sou inocente, digam isso ao mundo, eu amo vocês", disse Hernández, de 55 anos, ao deixar a sala de audiência, dirigindo-se a seus familiares, entre elas duas cunhadas que vieram apoiá-lo, já que sua esposa e filhos não receberam vistos para viajarem aos Estados Unidos, e aos três generais que testemunharam a seu favor no julgamento.
Ao lado de seus advogados, após ouvir do juiz Kevin Castel que o júri havia chegado a um veredicto, o ex-presidente parecia rezar.
Depois, acompanhou o veredicto movimentando a cabeça com incredulidade, à medida que o porta-voz do júri respondia a cada uma das perguntas que o juiz formulou para estabelecer sua culpabilidade.
Seu advogado, Raymond Colon, anunciou que seu cliente vai recorrer da decisão. "Ele afirma que é inocente", disse.
Em Tegucigalpa, a esposa do ex-presidente, Ana García, afirmou em declarações à imprensa que o julgamento foi "injusto" e garantiu que seu marido "continuará lutando" até ao último dia para provar sua "inocência".
Entretanto, o governo defendeu em comunicado que "é imperativo desmantelar a organização criminosa que continua operando" e os seus cúmplices "devem pagar pelos seus crimes".
Segundo a Promotoria, o ex-presidente criou um "narcoestado" durante o seu mandato (2014-2022) e transformou seu país em uma "super autopista" por onde passava boa parte das drogas vindas da Colômbia com destino aos Estados Unidos.
A rede que ele protegeu teria enviado mais de 500 toneladas de cocaína para este país. Em troca, Hernández teria recebido milhões de dólares dos cartéis do tráfico, entre eles o de Sinaloa, do chefão mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.
O promotor Jacob H. Gutwillig lembrou o júri que o acusado tinha um discurso duplo: em público, promovia leis contra o narcotráfico e as extradições de traficantes aos Estados Unidos, reunindo-se com funcionários e autoridades americanos, mas "nada disso desfaz o que o acusado realizou por trás da porta". "É um narcotraficante", afirmou.
Benefício próprio
Após um dia e meio de deliberações, o júri de 12 pessoas anunciou seu veredicto unânime pouco antes das 13h30 locais pelas três acusações atribuídas a ele pela Promotoria: culpado de conspirar para enviar cocaína aos Estados Unidos, traficar e possuir armas. Sua sentença será anunciada em 26 de junho, anunciou a Promotoria.
"Sou inocente, digam isso ao mundo, eu amo vocês", disse Hernández, de 55 anos, ao deixar a sala de audiência, dirigindo-se a seus familiares, entre elas duas cunhadas que vieram apoiá-lo, já que sua esposa e filhos não receberam vistos para viajarem aos Estados Unidos, e aos três generais que testemunharam a seu favor no julgamento.
Ao lado de seus advogados, após ouvir do juiz Kevin Castel que o júri havia chegado a um veredicto, o ex-presidente parecia rezar.
Depois, acompanhou o veredicto movimentando a cabeça com incredulidade, à medida que o porta-voz do júri respondia a cada uma das perguntas que o juiz formulou para estabelecer sua culpabilidade.
Seu advogado, Raymond Colon, anunciou que seu cliente vai recorrer da decisão. "Ele afirma que é inocente", disse.
Em Tegucigalpa, a esposa do ex-presidente, Ana García, afirmou em declarações à imprensa que o julgamento foi "injusto" e garantiu que seu marido "continuará lutando" até ao último dia para provar sua "inocência".
Entretanto, o governo defendeu em comunicado que "é imperativo desmantelar a organização criminosa que continua operando" e os seus cúmplices "devem pagar pelos seus crimes".
Segundo a Promotoria, o ex-presidente criou um "narcoestado" durante o seu mandato (2014-2022) e transformou seu país em uma "super autopista" por onde passava boa parte das drogas vindas da Colômbia com destino aos Estados Unidos.
A rede que ele protegeu teria enviado mais de 500 toneladas de cocaína para este país. Em troca, Hernández teria recebido milhões de dólares dos cartéis do tráfico, entre eles o de Sinaloa, do chefão mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.
O promotor Jacob H. Gutwillig lembrou o júri que o acusado tinha um discurso duplo: em público, promovia leis contra o narcotráfico e as extradições de traficantes aos Estados Unidos, reunindo-se com funcionários e autoridades americanos, mas "nada disso desfaz o que o acusado realizou por trás da porta". "É um narcotraficante", afirmou.
Benefício próprio
"Como demonstra a condenação de hoje, o Departamento de Justiça está perturbando todo o ecossistema de redes de tráfico de droga que prejudicam o povo americano, não importa quão longe ou quão alto tenhamos de ir", disse o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland.
O ex-presidente "teve todas as oportunidades para ser uma força do bem em Honduras, mas escolheu abusar do poder e do país para seu próprio benefício", lamentou o promotor Damian Williams, em um comunicado emitido após a decisão.
JOH, acrônimo pelo qual é conhecido em seu país, seguirá assim os passos de seu irmão Tony Hernández e de Geovanny Fuentes, estreito colaborador deste, que cumprem prisão perpétua nos Estados Unidos. Outros condenados pelos mesmos crimes são Fabio Lobo, filho do ex-presidente Porfirio Lobo (2010-2014), e o deputado Fredy Renán Nájera.
O ex-presidente "teve todas as oportunidades para ser uma força do bem em Honduras, mas escolheu abusar do poder e do país para seu próprio benefício", lamentou o promotor Damian Williams, em um comunicado emitido após a decisão.
JOH, acrônimo pelo qual é conhecido em seu país, seguirá assim os passos de seu irmão Tony Hernández e de Geovanny Fuentes, estreito colaborador deste, que cumprem prisão perpétua nos Estados Unidos. Outros condenados pelos mesmos crimes são Fabio Lobo, filho do ex-presidente Porfirio Lobo (2010-2014), e o deputado Fredy Renán Nájera.
Dano ao país
Extraditado em abril de 2022 aos Estados Unidos, três meses depois de transmitir o poder a sua sucessora Xiomara Castro, o condenado é o autor da famosa frase: "vamos enfiar droga em seus narizes [dos americanos] e eles nem vão se dar conta", segundo uma testemunha.
"Hoje a justiça foi feita", disse eufórica a ativista de direitos humanos Lida Perdomo em frente ao tribunal, onde dezenas de hondurenhos se reuniram para aguardar o veredicto.
"Esperamos que o condenem no mínimo a três prisões perpétuas e isso ainda seria pouco para que ele pague todo o dano que fez ao meu país", afirmou Perdomo à AFP.
Ao ser perguntado pela AFP, o advogado de defesa Renato Stabile disse que, "obviamente, a decisão é dura, mas [o ex-presidente] mentalmente é muito forte".
Impunidade
"Hoje a justiça foi feita", disse eufórica a ativista de direitos humanos Lida Perdomo em frente ao tribunal, onde dezenas de hondurenhos se reuniram para aguardar o veredicto.
"Esperamos que o condenem no mínimo a três prisões perpétuas e isso ainda seria pouco para que ele pague todo o dano que fez ao meu país", afirmou Perdomo à AFP.
Ao ser perguntado pela AFP, o advogado de defesa Renato Stabile disse que, "obviamente, a decisão é dura, mas [o ex-presidente] mentalmente é muito forte".
Impunidade
Fiel colaborador do governo do republicano Donald Trump (2017-2021), Hernández chegou a se gabar dos elogios de Washington pelo trabalho de seu governo na luta contra o tráfico de drogas.
Desde 2014, Honduras extraditou aos Estados Unidos 41 pessoas acusadas de narcotráfico, incluindo três por fentanil.
Boa parte das testemunhas apresentadas pela Promotoria colocaram em evidência a corrupção e os vínculos estreitos entre a política e o narcotráfico.
"A elite política, que também é a econômica, atuou em completa impunidade" durante os últimos 15 anos, desde o golpe de Estado de 2009, encorajada pelo "apoio que recebeu de governos estrangeiros, embora soubessem que estava fortemente envolvida no tráfico de drogas", assinalou à AFP a ativista americana Karen Spring, da organização Honduras Solidarity Network.
Desde 2014, Honduras extraditou aos Estados Unidos 41 pessoas acusadas de narcotráfico, incluindo três por fentanil.
Boa parte das testemunhas apresentadas pela Promotoria colocaram em evidência a corrupção e os vínculos estreitos entre a política e o narcotráfico.
"A elite política, que também é a econômica, atuou em completa impunidade" durante os últimos 15 anos, desde o golpe de Estado de 2009, encorajada pelo "apoio que recebeu de governos estrangeiros, embora soubessem que estava fortemente envolvida no tráfico de drogas", assinalou à AFP a ativista americana Karen Spring, da organização Honduras Solidarity Network.
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