Gato observa escombros em meio à destruição em GazaSaid Khatib/AFP
Publicado 12/03/2024 08:13 | Atualizado 12/03/2024 08:18
A população de Gaza viveu, nesta segunda-feira (11), o primeiro dia do Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, sob bombardeios e atingida pela fome que assola o território palestino após mais de cinco meses de guerra entre Israel e Hamas, sem sinais de trégua. O grupo islamita gostaria de um cessar-fogo e impõe esta condição para poder negociar a liberação de reféns.
Há muita pressão internacional para que os bombardeios acabem. Apesar de uma nova rodada de discussões no Egito no início de março, Estados Unidos, Catar e Egito - os países mediadores - não conseguiram fazer com que as partes concordassem com um cessar-fogo.

O Hamas exige um cessar-fogo definitivo e a retirada das tropas israelenses antes de qualquer acordo sobre a libertação dos reféns mantidos em Gaza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu para "silenciar as armas" em Gaza e libertar os reféns mantidos em cativeiro desde o início da guerra, em 7 de outubro, "para honrar o espírito do Ramadã".

Os bombardeios israelenses em vários pontos do território palestino - em particular na Cidade de Gaza, no norte, e em Khan Yunis e Rafah, no sul -, deixaram 67 mortos nas últimas 24 horas, segundo o Ministério de Saúde de Gaza, onde o Hamas governa desde 2007.

"O início do Ramadã está coberto de escuridão, com gosto de sangue e mau cheiro por toda parte", disse à AFP Awni al Kayyal, um deslocado de 50 anos em Rafah. "Não teremos comida na mesa" depois da quebra do jejum na noite desta segunda-feira, acrescentou.

"A crise de desnutrição em Gaza se acelera a um ritmo sem precedentes diante da alarmante escassez de alimentos, água e serviços de saúde", denunciou o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 25 pessoas, entre elas 21 crianças, morreram de desnutrição ou desidratação nos hospitais de Gaza desde o início da guerra.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, com o ataque sem precedentes de comandos do Hamas em solo israelense, no qual morreram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses. Além disso, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 130 permanecem cativas em Gaza, das quais 31 morreram, segundo as autoridades de Israel.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma campanha militar contra o enclave palestino. Até agora, o conflito deixou 31.112 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Navio com 200 toneladas de suprimentos
Para tentar aliviar a crise humanitária em Gaza, um primeiro navio fretado pela ONG espanhola Open Arms e carregado com 200 toneladas de suprimentos, está pronto para zarpar de Chipre para Gaza, no âmbito de um corredor marítimo anunciado pela União Europeia.

"O programa está andando conforme planejado, o navio zarpará em breve" do porto mediterrâneo de Larnaca, a 370 quilômetros de Gaza, informou o governo cipriota nesta segunda-feira.

A World Central Kitchen, uma das organizadoras da operação, "nunca anunciou uma data de partida. Portanto, estamos dentro do prazo. Anunciaremos a partida quando ocorrer", assegurou o famoso chef espanhol José Andrés, naturalizado americano e fundador da ONG.

Paralelamente, um navio militar dos Estados Unidos partiu no sábado do país com o equipamento necessário para construir um cais para descarregar a ajuda, o que pode levar até 60 dias.

A ONU e as agências humanitárias afirmam que o envio de ajuda por mar e ar não pode substituir os suprimentos terrestres.

A ajuda internacional, controlada por Israel, chega com dificuldade a Gaza frente às enormes necessidades da população, especialmente no norte do território, de acesso muito difícil.

A maior parte chega do Egito por Rafah, cidade fronteiriça onde, segundo a ONU, 1,5 milhão de palestinos vivem amontoados, a maioria deslocados.
Com informações da AFP.
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