Presidente dos Estados Unidos, Joe BidenAFP
Publicado 12/03/2024 14:16
A inflação acelerou em fevereiro nos Estados Unidos e o dado esfria as expectativas de um rápido corte das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano).

O índice de fevereiro foi revelado em plena campanha eleitoral, com o poder aquisitivo sendo um dos temas centrais da disputa pela Casa Branca.

A alta dos preços ao consumidor foi de 3,2% no acumulado de 12 meses, frente aos 3,1% em janeiro, segundo o IPC publicado pelo Departamento do Trabalho nesta terça-feira (12).

A alta no índice é explicada por aumentos nos custos de moradia, gasolina e passagens de avião.

Na medição mês a mês, a inflação passou de 0,3% em janeiro para 0,4% em fevereiro. O número está dentro do esperado pelos analistas, segundo o consenso reunido pelo Market Watch.

Mas o dado positivo do relatório é que a inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis, como alimentação e energia, se moderou na medição mensal (a 0,4%) e, em 12 meses, marcou 3,8% em fevereiro frente aos 3,9% em janeiro. O dado anual é o mais baixo desde maio de 2021.

O Fed subiu suas taxas a um patamar de 5,25-5,50% para combater a inflação. Subir as taxas desestimula o acesso ao crédito e com isso o consumo e o investimento, diminuindo a pressão sobre os preços.

O mercado espera um rápido corte das taxas que diminua o preço do dinheiro e estimule a economia. Mas o Fed, que prefere outra medição de inflação distinta do IPC, o PCE, tem como meta uma inflação de 2% ao ano.

O Banco Central americano fará sua próxima reunião de política monetária nos dias 19 e 20 de março.

"Prudência"
Estes dados "reforçarão a prudência dos gestores do Fed", prevê Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, que apontou para um primeiro corte nas taxas em maio, mas agora estima que "é cada vez mais provável que (o Fed) espere pelo menos até junho".

O mercado aponta corte em junho, segundo dados coletados pelo CME Group.

O Fed sinalizou que está aguardando sinais de um declínio duradouro na inflação para iniciar os cortes.

Esta recuperação não os encorajará a "pensar que a inflação está em uma trajetória sustentada em direção ao seu objetivo de 2%", resumiu Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics.
Equilíbrio
O Fed "pode e vai" começar a cortar suas taxas de juros este ano se a tendência econômica se mantiver, afirmou na semana passada o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, ante legisladores em Washington.

"O que estamos vendo é um crescimento forte e contínuo (da economia), um mercado de trabalho forte e progressos constantes para uma queda da inflação", expressou Poweell no Comitê Bancário do Senado durante suas audiências periódicas no Capitólio.

O Fed faz um delicado equilíbrio, já que "cortar muito cedo ou muito" as taxas pode voltar a pressionar a inflação e levar rapidamente a novos aumentos de taxas, explicou Powell. Porém reduzi-las "muito tarde ou pouco pode enfraquecer desnecessariamente a atividade econômica e o emprego".

A disparada dos preços destruiu o poder aquisitivo das famílias americanas e é um tema central da campanha eleitoral a menos de oito meses das eleições presidenciais que, salvo surpresas, colocaram Joe Biden e Donald Trump frente a frente de novo.

"Os preços dos principais produtos como gasolina, leite, ovos e eletrodomésticos estão mais baixos que há um ano", disse Biden em um comunicado após a divulgação dos dados de fevereiro. E reiterou que ainda há "muito a fazer" para reduzir os custos da cesta básica.

A inflação alcançou um máximo de 9,1% em junho de 2022.

O Fed espera alcançar seu objetivo de 2% para o índice PCE em 2026.
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