Javier Milei chamou a cifra de 'numeraço'AFP
Publicado 13/03/2024 09:30
A Argentina registrou uma nova desaceleração de sua inflação mensal em fevereiro, com 13,2%, confirmando as previsões do presidente Javier Milei de que o índice estaria abaixo de 15%. A taxa interanual, no entanto, registrou novo recorde com 276,2%, e segue a maior do mundo após ultrapassar a Venezuela. Em uma medida para conter o aumento de preços, Milei liberou a importação de produtos da cesta básica.
Os setores de comunicação (24,7%), transportes (21,6%) e habitação, água, luz, gás e outros combustíveis (20,2%) impulsionaram o aumento do índice de preços no segundo mês do ano, informou o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec, semelhante ao IBGE do país). Em janeiro, a inflação havia sido de 20,6% e, em dezembro, de 25,5%.
Milei comemorou a cifra nesta terça, 12, chamando de "numeraço", e publicou um comunicado dizendo que o número evidencia uma forte desaceleração dos preços, que atribuiu à sua "forte disciplina fiscal". A queda no valor mensal, tanto de fevereiro quanto de janeiro, já era esperada frente ao súbito aumento de dezembro após a desvalorização de quase 55% do valor da moeda promovida pelo novo governo.
O resultado, porém, tem ocorrido à custa de uma queda no consumo dos argentinos e uma forte desvalorização dos salários e aposentadorias que, ao serem congelados, não acompanham a flutuação dos preços. Todas as medidas fazem parte do plano de ajuste fiscal do governo libertário que visa atingir o déficit zero ainda este ano.
Em uma medida para conter o aumento dos preços, o Ministério da Economia ordenou a abertura das importações de banana, batata, carne de porco, café, atum, produtos derivados do cacau, inseticidas, fraldas, entre produtos que compõem a cesta básica, e também medicamentos que registraram aumentos este ano acima da inflação mensal.
A Argentina realiza um controle das importações e busca incentivar as exportações em sua histórica tentativa de atrair dólares. Embora o país tenha fortes restrições para operar com dólares, o Banco Central reduzirá o prazo de pagamento de importações de alguns alimentos, que passará de um esquema de parcelamento de até 120 dias para um único pagamento dentro de 30 dias.
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