Publicado 14/03/2024 13:05
Os macacos, à medida que envelhecem, restringem seu círculo de relações, embora mantenham as interações com seus congeneres mais leais, segundo um estudo publicado esta semana. E esse isolamento não é apenas sofrido pelos demais macacos, mas também desejado.
O fenômeno é observado em muitos primatas, inclusive em humanos, embora os humanos sejam capazes de neutralizá-lo, diz o estudo publicado na revista Proceedings B of the Royal Society britânica.
O estudo destaca que o tema é relevante ante o rápido envelhecimento da população humana. A ONU calcula que em 2050 cerca de 2 milhões de pessoas terão mais de 60 anos. A pesquisa, que sugere que preservar as relações sociais na velhice é um fator importante para se manter com boa saúde, não avança nos motivos por trás desse distanciamento.
Está comprovado que, com o envelhecimento, a pessoa "se restringe a um círculo menor de pessoas", disse à AFP o etólogo Baptiste Sadoughi, principal autor do estudo publicado na quarta-feira.
Os indivíduos priorizam a qualidade das relações sobre a quantidade, segundo a teoria da seleção socioemocional desenvolvida na década de 1990, explica esse doutor em ecologia do comportamento da Universidade de Göttingen na Alemanha e o Instituto Leibniz para a Pesquisa de Primatas (DPZ).
O problema com os humanos é que os estudos de comportamento se baseiam em mostras transversais, ou seja, misturam grupos de diferentes idade em um mesmo momento, o que inevitavelmente produz vieses.
O estudo realizado pela equipe do DPZ foi seguir longitudinalmente uma população de primatas, os macacos de Assam, durante um período prolongado: o comportamento de 61 fêmeas, de 4 a 30 anos, foi observado durante vários anos entre 2013 e 2021, vivendo em liberdade em uma reserva tailandesa.
'Menos interações físicas'
O fenômeno é observado em muitos primatas, inclusive em humanos, embora os humanos sejam capazes de neutralizá-lo, diz o estudo publicado na revista Proceedings B of the Royal Society britânica.
O estudo destaca que o tema é relevante ante o rápido envelhecimento da população humana. A ONU calcula que em 2050 cerca de 2 milhões de pessoas terão mais de 60 anos. A pesquisa, que sugere que preservar as relações sociais na velhice é um fator importante para se manter com boa saúde, não avança nos motivos por trás desse distanciamento.
Está comprovado que, com o envelhecimento, a pessoa "se restringe a um círculo menor de pessoas", disse à AFP o etólogo Baptiste Sadoughi, principal autor do estudo publicado na quarta-feira.
Os indivíduos priorizam a qualidade das relações sobre a quantidade, segundo a teoria da seleção socioemocional desenvolvida na década de 1990, explica esse doutor em ecologia do comportamento da Universidade de Göttingen na Alemanha e o Instituto Leibniz para a Pesquisa de Primatas (DPZ).
O problema com os humanos é que os estudos de comportamento se baseiam em mostras transversais, ou seja, misturam grupos de diferentes idade em um mesmo momento, o que inevitavelmente produz vieses.
O estudo realizado pela equipe do DPZ foi seguir longitudinalmente uma população de primatas, os macacos de Assam, durante um período prolongado: o comportamento de 61 fêmeas, de 4 a 30 anos, foi observado durante vários anos entre 2013 e 2021, vivendo em liberdade em uma reserva tailandesa.
'Menos interações físicas'
Os resultados são claros. O isolamento social está aumentando, "com uma redução pela metade do tamanho da rede social média entre uma mulher de 10 anos e uma de 20 anos", de acordo com Sadoughi.
Os cientistas mediram esse isolamento com base em práticas de limpeza mútua, a forma preferida de relacionamento nessa espécie de primata. As análises excluem que esse isolamento seja o resultado de uma segregação espacial. Mesmo na velhice, os macacos mantêm uma proximidade física com seus congeneres.
Seu isolamento é social e relativo e, em parte, deliberado: "o indivíduo que está envelhecendo é responsável por grande parte dessas mudanças, porque ele se aproxima menos dos outros e inicia menos interações físicas".
Mas também é sofrido, pois com a idade, a macaca fêmea "é cuidada por um número cada vez menor de indivíduos".
Entretanto, ela continuará a ser cuidada por seus amigos leais, observa o etólogo. Ela interagirá cada vez mais "com os indivíduos com os quais interagiu com mais frequência, ou melhor".
Os macacos de Assam estão, portanto, sujeitos a um fenômeno de seletividade social, mas com uma diferença importante em relação aos humanos, pois esses últimos compensam a redução de seu círculo social com interações mais frequentes com seus amigos mais leais.
Sadoughi acredita que essa seletividade social é "uma estratégia para lidar com o envelhecimento, que pode ter existido desde que somos primatas", tanto humanos quanto macacos.
Os cientistas mediram esse isolamento com base em práticas de limpeza mútua, a forma preferida de relacionamento nessa espécie de primata. As análises excluem que esse isolamento seja o resultado de uma segregação espacial. Mesmo na velhice, os macacos mantêm uma proximidade física com seus congeneres.
Seu isolamento é social e relativo e, em parte, deliberado: "o indivíduo que está envelhecendo é responsável por grande parte dessas mudanças, porque ele se aproxima menos dos outros e inicia menos interações físicas".
Mas também é sofrido, pois com a idade, a macaca fêmea "é cuidada por um número cada vez menor de indivíduos".
Entretanto, ela continuará a ser cuidada por seus amigos leais, observa o etólogo. Ela interagirá cada vez mais "com os indivíduos com os quais interagiu com mais frequência, ou melhor".
Os macacos de Assam estão, portanto, sujeitos a um fenômeno de seletividade social, mas com uma diferença importante em relação aos humanos, pois esses últimos compensam a redução de seu círculo social com interações mais frequentes com seus amigos mais leais.
Sadoughi acredita que essa seletividade social é "uma estratégia para lidar com o envelhecimento, que pode ter existido desde que somos primatas", tanto humanos quanto macacos.
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