Schiavone era considerado um dos criminosos mais ricos e cruéis da Europa quando foi preso em 1998Reprodução / Internet
Publicado 29/03/2024 16:00
Um dos mais famosos chefes mafiosos italianos, Francesco "Sandokan" Schiavone, se tornou um colaborador da Justiça após 26 anos de prisão, disse nesta sexta-feira (29) uma fonte judicial à AFP.
Schiavone, ex-chefe do clã dos Casalesi, era considerado um dos criminosos mais ricos e cruéis da Europa quando foi preso em 1998. Esse clã sediado em Casal di Principe, perto de Nápoles, é um dos mais poderosos da máfia napolitana, a Camorra.
Ele foi condenado a várias penas de prisão perpétua no julgamento "Spartacus" de 36 membros do clã dos Casalesi.
Sua decisão de colaborar com a Justiça é "mais um golpe contra a Camorra e o crime organizado", congratulou-se Chiara Colosimo, presidente da comissão parlamentar antimáfia.
Schiavone e os Casalesi estiveram envolvidos em acertos de contas brutais entre clãs que lutavam pelo controle de Casal di Principe nos anos 1980 e 1990, além do tráfico de drogas.
A crueldade dos Casalesi e seu poder econômico e político foram descritos em "Gomorra", o livro de sucesso de Roberto Saviano, que virou filme e série de televisão.
O escritor, por sua vez, mostrou-se cético nesta sexta-feira sobre a possibilidade de uma colaboração real de Francesco Schiavone.
"Será que ele conseguirá fazer isso sem revelar onde está o dinheiro da Camorra e sem demonstrar os verdadeiros vínculos com a política e o mundo dos negócios?", questionou Saviano no Instagram.
Vários membros da família de Schiavone já haviam decidido colaborar com a Justiça.
Seu primo, Carmine Schiavone, começou a fazê-lo nos anos 1990, revelando como a máfia despejava resíduos tóxicos suspeitos em campos, poços e lagos da região, o que acredita-se ter causado um aumento nos casos de câncer entre a população local.
Dois dos filhos presos de "Sandokan", Nicola e Walter, começaram a cooperar com a Justiça em 2018 e 2021, respectivamente.
Ele próprio foi recentemente transferido de uma prisão no norte da Itália para L'Aquila. Segundo alguns veículos de comunicação, os rumores sobre sua doença, destinados a explicar a mudança, são uma artimanha para ocultar uma transferência relacionada à sua colaboração.
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